quarta-feira, 24 de julho de 2013

Solteira no Rio de Janeiro

Vida de solteira é muito bom e tal, muitas oportunidades de viver coisas novas, conhecer gente nova, poder ir pra night e dançar sem se preocupar com nada nem ninguém, porque se mexerem com você, ok, seu namorado não vai ter ciúme e fazer uma cena. Afinal, você não tem namorado e algum lado bom isso tem que ter. Podemos escolher a roupa que for, mais curta, mais decotada. Não vai ter nenhum olhar de censura ou pedido especial pra trocar de roupa ou aquela perguntinha básica que toda mulher ja ouviu: "Você vai assim? Mesmo?"

Mas tem uma hora que a coisa enche o saco num grau que você começa a achar que seu edredom e um copo de vinho são melhor companhia que a galera da night fingindo que a vida se resume a uma noite, no melhor estilo Sidney Sheldon, "Se houver amanhã". Enfim, da época de solteira, guardo muitas coisas engraçadas e outras nem tanto. E, outro dia, conversando com uma amiga solteira, acabei me lembrando de alguns episódios que vivi.  Mais acho que nenhum deles é páreo pro que aconteceu com ela. 

Minha amiga conheceu um cara e, aparentemente, não havia aquela atração toda porque o sujeito era meio bronco, quase um Nuno Leal Maia, na novela Mandala, que chamava a Vera Fischer de "minha deusa". Mas, pra quem já está sozinha há tanto tempo, quem se importa com um pouco de breguice? Até falei pra ela esquecer os estereótipos e investir porque o cara parecia companheiro e queria um relacionamento, não só uma ficada. O cara ia ligando, chamando pra sair, até que ela sugeriu um cinema.

Lascou-se. 

O cara, pra surpresa geral (não importa como você se veste ou onde você foi criado, cinema é cinema, pombas) disse que não gostava. Nesse momento, todas as luzes de emergência se acenderam e começaram a piscar desesperadamente!!! Até barulhinho do caminhão do corpo de bombeiros dava pra ouvir... Gente, pode-se confiar em alguém que não gosta de cinema? O cara disse que preferia ver filme em casa e que se sentia meio "enclausurado" naquele escurinho, fechado em uma sala cheia de gente desconhecida. Mesmo assim, foram em frente. Minha amiga resolveu apostar no improvável porque a falta de refinamento da pessoa não pode ser fator decisivo pra não dar andamento em algo que pode ser legal. A gente precisa se apegar a alguma coisa! 

Depois de alguns encontros e conversas, era chegada a hora dos finalmente. Era o momento de ver se o lance seria bom mesmo e faria tudo valer a pena. De repente, desencontrados no estilo de vida, poderiam até achar um ponto comum na cama. E minha amiga resolveu pagar pra ver. 

Então, hora do jogo. Tira roupa daqui, puxa camisa dali. Ok. Tudo indo bem até aquele instante. Não estava sendo nenhuma maravilha mas também não estava dando errado. Mais ou menos o esperado de uma primeira vez. Até que resolveram fazer o básico, o famoso "papai e mamãe". E aí é que o angu encaroçou.

O cordão de ouro que a criatura estava usando com uma medalha de São Judas Tadeu começou a incomodar. Como se tratava da primeira transa, minha amiga ainda tentou se controlar ao máximo pra não falar nada, mas a infame medalhinha ficava batendo na cara dela a cada investida do Mr. bronco. Ritmadamente, a medalhinha dava na testa dela. Pum - pum - pum. E a pobre já não conseguia se concentrar em nada, muito menos sentir alguma coisa. Só conseguia sentir a medalhinha batendo em sua testa. Um minuto, dois, três minutos e o pum-pum-pum na testa não parava. Sem mais poder aguentar aquela situação bizarra, resolveu falar:

- " Você poderia tirar o seu cordão?"

E aí vem o gran finale dessa tentativa de namoro. O cara respondeu:

- "Não, nem pensar! Não posso ficar sem meu santinho!" Pegou a medalhinha fervorosamente, beijou o santo e jogou o cordão pra trás. E continuou como se nada tivesse acontecido. Pra ele devia estar bom. Pra minha amiga, a transa acabou alí, com aquela cena do Mr. cordão de ouro beijando seu santinho. 

A coisa não está fácil pra ninguém mesmo, mas essa minha amiga, na verdade, tem é que agradecer aos céus porque é uma protegida. Como ela estava insistindo em uma coisa que não tinha como dar certo, os céus, através de São Judas Tadeu, mandaram um aviso que não havia como não ser entendido. O santo começou a bater na testa dela como quem diz: "Sai fora daí!!" E, graças ao bom pai, e à São Judas Tadeu, aquele foi o derradeiro encontro. Vida de solteira que segue. Ainda não foi dessa vez. E, quer saber? Deixa assim... Pelo menos por enquanto o edredom e o copo de vinho continuam ganhando como melhor companhia.

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