quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Melhor hora




Acordei cedo, fui pra academia. Fui pro trabalho, voltei pra casa pra levar o filho a escola. Retornei pro trabalho. Depois, busquei filho na escola e levei ao judô. Voltamos do judô. Hora de jantar. Já estou no bagaço. 

Miguel pediu "pra gente ficar agarradinhos". Pedi pra ele esperar um pouco, queria tomar banho, pelo amor de Deus. Fatura do cartão de crédito me olhando na cômoda, esperando pra eu conferir. Roupa do Miguel passada pra guardar. Minha roupa pra guardar. Deixei tudo pra lá e fui tomar banho.

Miguel pediu, de novo, pra ficar ao lado dele, "pertinho". Nessa hora, pensei em tudo que tinha pra fazer e, mentalmente, mandei tudo pro espaço. Tomei a sábia decisão de não fazer o que a razão mandava. Afinal, o que poderia ser mais importante que o amor, ora bolas? Miguel não vai ter 4 anos pra sempre. Ele não vai querer ficar deitado segurando minha mão por muito mais tempo. Decidi mandar o mundo se ferrar e me deitei com ele e nos abraçamos e rimos falando várias bobagens e palavras de carinho. Rindo feito bobos. Um pouco loucos também. Fiz cosquinhas nele. Ele tentou fazer em mim. Miguel me abraçou. Abraçou mais forte e me encheu de beijos molhados. 

Eu disse a ele:
- "Guel, essa é a melhor hora do dia!" 
Miguel respondeu:
- "Mamãe, a melhor hora do dia é você!" 

Eu chorei. Na grandeza desse momento, me senti pequena por pensar em tanta coisa sem importância e que pode esperar, antes de me deitar com meu filho. E me senti amada. Imensamente amada. Mais uma lágrima, que me apressei a secar rápido com as costas das mãos, rolou pelo meu rosto. Nunca vivi um amor assim. Nunca. Miguel tem o dom de me mostrar o que é importante. E eu o amo ainda mais por me ensinar tanto. E, então, fiquei ali não sei por quanto tempo... E só me levantei da cama quando percebi que meu filho havia adormecido. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário