terça-feira, 3 de junho de 2014

Advil

Pouco antes da hora de sua aula, uma professora muito querida, a Andreia, entrou na minha sala com uma carinha de quem não está bem. Perguntei o que havia acontecido e ela me disse que estava, desde cedo, morrendo de dor de cabeça, dessas que a gente não consegue nem abrir os olhos e que dá vontade de vomitar, sabe? Eu queria ter podido dizer pra ela ir pra casa, colocar alguém pra substituí-la, mas não havia tempo. Perguntei se ela já havia tomado algum remédio e ela disse que sim, mas a dor persistia.

Quando eu tenho alguma dor de cabeça muito forte, a única coisa que adianta pra mim é o Advil vermelho. E, poxa vida, sempre tenho um na bolsa e justamente naquele dia não tinha nenhum. Fui procurar com outra professora que também sempre tem o remédio e ela também não tinha. Enfim, tentei ajudar mas não consegui e lá foi Andreia pra sala de aula sem que eu pudesse lhe dar um remédio. 

Aí, já pensando em ligar pra farmácia pra pedir pra trazerem o Advil, olho pra cadeira em minha sala e vejo a sacola trazida pelo sapateiro com uma mochila dentro, a que o Namorado carregava na Disney. A coitada da mochila estava rasgando e o sapateiro deu um jeito nela. Então, olhei pra ela e algo me intuiu pra verificar a parte interna, pra ver se eu havia esquecido algo ali dentro. E, pra minha surpresa, tinha dois comprimidos de Advil!! Corri na cozinha pra encher um copo com água e lá fui eu bater na sala de aula da Andreia pra dar-lhe o remédio. 

Quando lhe entreguei o comprimido, o sorriso que recebi de volta foi tão aberto e genuíno que já me fez ganhar o dia. Só que, pegando-me de surpresa, depois do sorriso, ela me abraçou forte, um abraço daqueles que envolvem você, um abraço sincero, abraço de verdade, desses que fazem a gente sentir-se bemvinda e tão aconchegada que não quer sair mais ... E Andreia disse baixinho pra mim:

- "Você tem sido como um anjo na minha vida. Eu rezo, todas as noites, por você e por sua família. Rezo pra que Deus lhe cubra de bençãos."

Eu só consegui dizer a ela que não havia o que agradecer. Já estava emocionada e não queria chorar na frente do alunos dela. 

Na verdade, eu queria ter dito que eu é que agradeço por tê-la aqui na escola, trabalhando comigo. Uma professora dedicada, profissional responsável, astral sempre pra cima, mesmo que esteja passando por uma situação difícil como a que está vivendo. Ter gente que inspira o bem por perto é dádiva pura. E eu sou sempre grata por poder conviver com gente assim. 

Fui até a sala de aula só pra levar um copo de água e um Advil. Saí de lá cheia de amor. 

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