quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Manias



Fico me perguntando, às vezes, se eu já tinha as manias que tenho hoje desde sempre, se estou tomando consciência delas agora que me conheço melhor ou se são coisas da velhice mesmo. Na verdade, eu já tenho algumas manias desde nova, sim. E não sei se minhas manias incomodam os outros, mas devem incomodar porque as manias dos outros incomodam a gente né? 

Bom, eu tenho mania de usar as coisas até o final. Final mesmo. Não posso jogar fora o tubo de pasta de dentes se ainda tiver um pingo lá dentro. Não posso perder minha caneta se ela ainda tiver carga porque terei um ataque psicótico caso isso ocorra. Tenho que ver minha caneta acabar pra depois jogá-la no lixo. Eu mesma tenho que jogar a caneta no lixo. Não pode ser outra pessoa. Entendam, não tenho apego à caneta. Se é amarela, desenhada, presente de alguém. Eu só preciso usá-la até o fim. Só. 

Seguindo a mesma linha, tem o sabonete. Eu colo um sabonete no outro quando está acabando. Coisa de pobre, diriam alguns. Pra mim, é coisa de louco que precisa ver o sabonete que está terminando ir sumindo coladinho no sabonete novo. E pra que eu possa ver isso acontecer, colo sempre o sabonete que finda, em outro de cor diferente. 

Eu me peso todos os dias, pela manhã. Sim, todos os dias, logo depois de escovar meus dentes, em jejum. Só quebro essa rotina se estiver em viagem. 

Eu tenho mania de arrumar meu armário. Uma vez por mês eu arrumo as gavetas, tiro as roupas dos cabides, organizo separando saias, vestidos longos, vestidos mais curtos. E até aí tudo bem, porque como arrumo sempre, nunca está tão bagunçado. Acontece que o pior é que eu tenho que experimentar minhas roupas quando estou arrumando. Experimento antes de guardá-las. É uma loucura. Eu fico me perguntando porque faço isso. Poderiam dizer que eu não tenho o que fazer, que é falta de um tanque de roupa suja pra lavar. Mas o que não me falta é coisa pra fazer. Mas eu sempre arranjo um tempo pro meu armário. Sempre. 

Se tem uma coisa que me enerva é quando estou assistindo algum filme com o Namorado e ele dorme. Como é que pode dormir em cinema, gente? Eu não posso dormir. Porque vou ter a sensação estranha de que perdi alguma coisa, sabe? Então por mais que eu esteja detestando o filme, eu tenho que vê-lo até o fim. NUNCA saí na metade de nenhum filme. E NUNCA abandonei um DVD. Eu assisto a bosta de filme até o final, por mais patético e cansativo que ele possa ser. Tenho mania de começo, meio e fim. Eu termino o que começo. E isso se dá com livros também. Se eu começar a ler um livro, mesmo que o ache sacal, chato, enfadonho, não me permito uma carta de alforria, fico me torturando até a última página. Sinto-me meio "Monica Geller" (do seriado Friends), como se tivesse que vencer aquele livro chato ou desinteressante, como se tivesse que provar que ninguém ou nada vai me derrotar ou fazer desistir. O pobre do Hugo fica escutando coisas do tipo: "Que autor mais idiota!" ou "que história mais imbecil" ou "que livro chato"... E ele me pergunta:

- "Paula, pelo amor de Deus, vou ter que ficar escutando você reclamar desse livro até quando?? Larga isso pra lá, escolhe outro pra ler!!"

Mas eu não largo. Vou até o fim. 

Eu travo uma competição comigo mesma. Se na minha agenda do dia estiverem relacionadas 20 tarefas, eu só sossego se tiver conseguido fazer as 20. Nada me tira do foco. É quase uma obsessão. E pra isso eu perturbo as pessoas que estão ao meu redor. Mas se tem uma coisa que me dá prazer, é colocar as letrinhas "OK" no meu ipad ao lado das tarefas realizadas.

Vejo as manias das pessoas ao meu redor. E isso me consola. Aqui no trabalho tem uma que não pode ver clipe no chão. Ela precisa pegar. A outra tem que trocar a camisola todo dia. Tem que ser uma diferente pra cada noite da semana. Tem um professor que toda vez que viaja tem que comprar cueca nova. O Namorado não gosta que eu deixe o volume do som do carro em número ímpar. Ele sempre muda pra um número par. Meu tio diz que o rolo de papel higiênico tem que ficar de modo que a parte solta passe por cima do rolo.  E por aí vai. Assim, podemos concluir que "de perto ninguém é normal".  

E aí, quais são as suas manias? Ou seriam loucuras? 




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