segunda-feira, 30 de março de 2015

O Beijo Gay. Ainda?

Tanta gente super incomodada com o beijo do casal representado pela Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg na novela das nove. Graças a Deus à minha volta eu não tenho tantas pessoas que se sintam chocadas com a cena ou que estejam perdendo tempo sentindo-se ultrajadas com isso. Eu não vejo essa novela, mas vi a tal da cena. Não sinto nada quanto vejo um casal gay se beijando assim, quando eu não tenho envolvimento afetivo. Pra mim, foi um beijo como qualquer outro. Senti muito mais emoção, por exemplo, quando foi o beijo dado no último capítulo da novela em que o Matheus Solano beijou o Thiago Fragoso. Porque eu torcia por eles, acompanhei a novela, sentia que se amavam mesmo e, pra mim, amor é amor em qualquer lugar do mundo e é esse amor que toca as pessoas, emociona, faz o mundo ser mais bonito, um lugar mais gostoso pra se viver, mais colorido. É o amor que perdoa, que constrói coisas, vidas, pontes. Já peço perdão àqueles que pensam diferente de mim, afinal essa é apenas a minha humilde opinião.

Agora eu vou falar o que tem me incomodado nessa história de a homossexualidade ser retratada com frequência na televisão. É o fato de que ainda não deram aos casais homoafetivos o tom de realidade que eles merecem. Ainda acho tudo muito fantasioso, tudo muito falso. Sinto um estranhamento grande quando vejo os casais homossexuais viverem como se a vida deles fosse um mar de rosas, como se tudo fosse muito simples depois que se resolve viver a vida sem fingir ou, traduzindo em linguagem popular, depois que resolvem "sair do armário". 

Ora bolas, as novelas dão a entender que só porque a pessoa "saiu do armário" e resolveu viver seu romance com quem ama, tudo está resolvido. Os casais homossexuais das novelas vivem conflitos apenas com o mundo externo, nas novelas sua vida em casa é de amor intenso, apaixonado e profundo. Sem brigas, sem ciúme nocivo, sem divergências, enfim, um mar de rosas. E, meu povo, desculpe, mas a vida de um casal homossexual sofre com os mesmos problemas que atingem a vida de QUALQUER casal. Rotina, tédio, monotonia, pensamentos diferentes, modo de enxergar o mundo, questionamento a respeito de como criar filhos, briguinhas por besteiras, oscilações de humor. 

Lembro-me que na única vez em que vi um casal homossexual de novela brigar feio foi porque uma mulher entrou na jogada. Acho que era a Danielle Winits que se enfiava no meio da relação dos dois caras. Quer dizer, pro casal formado por duas pessoas do mesmo sexo brigar, só se uma terceira pessoa de sexo diferente do deles aparecer. Continuam retratando a homossexualidade de forma falsa e isso, sim, me incomoda. O que me preocupa é meu filho achar que em relacionamentos de pessoas do mesmo sexo não há problemas, que seja tudo perfeito, porque isso é muito ruim, essa ilusão de que o único problema de um homossexual se restrinja ao fato de ter ou não coragem de se assumir. Torço pra ver a vida de um casal gay sendo retratada do jeito que é, um casal de verdade, que brigue, que tenha ciúme, que faça as pazes, que faça planos juntos. E, então, que traição não seja exclusividade de casais heterossexuais. E torço também pra ver um contraponto mais forte pra tanta traição, desonestidade, falta de companheirismo, falta de respeito, falta de ética. Isso me preocupa na televisão brasileira. As pessoas deveriam colocar o foco de sua ira na falta de amor e não na existência dele. 

Acho que o dia em que todos olharem pras relações homossexuais como se olha pra qualquer outra, não haverá necessidade de nenhuma parada gay, nem "orgulho gay", nem de  florear um dia-a-dia que é tão duro e complicado quanto qualquer outro. Nesse dia, não haverá mais preconceito e nem aversão a beijos de pessoas do mesmo sexo. Nesse dia não haverá mais troca de olhares ou narizes torcidos quando esbarrarmos com duas pessoas do mesmo sexo andando de mãos dadas na rua. O amor será mais importante, estará acima de tudo. O amor será valorizado. Eu e Namorado fomos com o Miguel ao casamento de dois amigos queridos no ano passado. Emocionei-me como em qualquer outro casamento, chorei, fiquei mexida. Sabe porquê? Porque era amor. E o que importa além do amor? Miguel olhou pros dois rapazes entrando de mãos dadas e me perguntou se dois meninos podem se casar. Eu e o Namorado respondemos com muita convicção que se os dois meninos se amam, se eles se fazem felizes como eu e o pai dele nos fazemos, se eles se respeitam e são amigos, sim. Podem viver casados. Dissemos ao Miguel que o que importa nessa vida é nos tornarmos pessoas melhores e que Deus quer que vivamos em harmonia e paz. Miguel não perguntou mais nada desde o dia do casamento em que presenciou um amor lindo entre duas pessoas do mesmo sexo. Pessoas que vivem as dores e delícias de terem optado por seguirem juntas o mesmo caminho. Do mesmo modo que eu e seu pai. 




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