sábado, 19 de março de 2011

Patinho Feio




Essa sou eu e minha irmã. Não, eu não sou a mais bonita da foto... Sou a com cara de monstrinho cheia de dentes... Quando falei no post anterior que me achava feia, várias pessoas me questionaram através de e-mails me perguntando "como assim??". Não que eu seja a rainha da beleza, estou longe disso, mas acho que depois de adulta meu conjunto ficou muito agradável e eu posso dizer que sim, me acho mesmo uma mulher bonita.

Quem me conheceu na infância e adolescência, conheceu uma menina calada, quieta, que sentava sempre nas cadeiras da parte da frente na sala de aula, estava sempre às voltas com algum livro ou tocando piano, escondida atrás de óculos gigantes com alto grau de miopia (uso óculos desde os 7 anos!!), cara de nerd, dentes enormes. Os dentes, é claro, são enormes até hoje, mas eu cresci e os dentes já não parecem tão imensos....rs... Enfim, não era mesmo das garotas mais populares da turma. Somado a isso, minha irmã era o oposto: agitada, falava com todo mundo - meninas e meninos - sempre teve um corpo bem feito, nunca precisou de óculos e seus dentes não eram como os de um coelho gigante. Minha irmã sempre foi MUITO vaidosa e se vestia meticulosamente para ir a escola e para qualquer outro lugar. Até hoje é assim. Nunca fomos rivais, sempre fomos extremamente amigas e respeitávamos nossas diferenças sem brigas. Nunca a invejei por ser mais atraente para os meninos e, na verdade, não me lembro de isso ter importado pra mim em algum momento. Eu simplesmente não estava nem aí pra essa coisa de beleza. Eu era daquele jeito e pronto.

Era engraçado lidar com certas comparações que sempre são feitas em família e também por amigos. Eu era sempre elogiada por minhas notas e desempenho escolar, coisa que não acontecia com a sis. Em contrapartida, todos elogiavam o corpo da minha irmã, dizendo o quanto era bem feito, e na hora de chegar em mim, olhavam pra minha cara e o assunto caía no vácuo. Chegava a ser engraçado. Pessoas muitas vezes são sem noção. Só sei que cresci sendo valorizada por meus dotes intelectuais e minha irmã por seus dotes físicos. No fundo, isso foi cruel para nós duas.

Isso não mudou até o último ano do ensino médio. Continuei sem ter a menor consciência de que já não era tão feia quanto achava, que os meninos começaram a se interessar mais por mim. Eu já não usava óculos, os efeitos dos hormônios da adolescência já não estavam em ebulição total e começava a reparar que os meninos estavam olhando mais pra mim. Quando entrei na faculdade tinha 17 anos e tudo era muito novo. E, mais ou menos, do terceiro ano pra frente algo em mim começou a mudar e a pessoa que sou hoje começou a ocupar os espaços.

Na verdade, comecei a enxergar que por mais que tivesse defeitos, precisava tratar de valorizar as qualidades. Eu não era feia, era apagada. Não valorizava o que tinha de bom e acho que, em dado momento da minha vida, entendi que não podia ficar me lamentando por não ter o corpo escultural que gostaria, por meus pés serem horríveis, por usar óculos e ter dentões. Por que não concentrar meus pensamentos nas minhas unhas, por exemplo, que acho lindas? Porque não focar no meu cabelo, boca e seios, dos quais gosto? Enfim, quando mudei meu foco acho que as pessoas também passaram a me enxergar de outro jeito e pode parecer figurinha repetida o que estou falando mas foi o que aconteceu mesmo. E, depois disso, comecei a ser desejada, fiquei mais solta, falante, comecei a mostrar o que eu tinha pra mostrar e ver que o que eu mostrava agradava.

Hoje é engraçado quando mostro fotos antigas e as pessoas não acreditam que quem está nas fotos sou eu. Dou gargalhada de mim mesma e não me importo porque não sofri naquele tempo, não foi nenhum trauma ter uma irmã bonita desde sempre e não fazer sucesso no colégio porque eu não dava valor pra isso. Não era mesmo vaidosa e quem me conheceu desde então sabe que estou falando a verdade. Sou mil vezes mais vaidosa hoje, me cuido muito mais, adoro estar bem vestida, cheirosa, usar sapatos bons. Sou ligada em moda, tendências e sei o que me cai bem e o que detona comigo. Porém não vivo pra estar linda o tempo todo e todos os dias. Saio de casa sem maquiagem, uso chinelo (embora as pessoas não acreditem!), troco o salto alto algumas vezes por sapatilhas e rasteirinhas. Não faço o estilo "vestida pra matar" embora às vezes acorde com esse espírito...rs...

O fato é que não me escondo mais atrás dos livros e dos óculos. Mas também não escondo a Paula de sempre, sou a mesma menina com cara de nerd e que gosta de livros e gosto muito de mim. Também não preciso me mostrar com decotes e roupas curtas para parecer mais bonita. Já vivi essa fase de auto afirmação e hoje sei que tenho muito mais pra oferecer além da beleza física. Pra concluir, as fotos desse post são pra ilustrar exatamente tudo isso. Minha irmã sempre bonitinha e eu toda desengonçadinha... Esta aí a prova de que fui patinho feio e agora sou cisne. E totalmente convencida disso! Uma vez ouvi de alguém que sou como vinho e que estou ficando cada vez melhor com o tempo. Concordo. Gosto mais de mim agora.

7 comentários:

  1. É isso mesmo, Paula. Reconheço nesse post muita coerência e grande compatibilidade com a forma que eu hoje entendo a vida. Um ponto aí é fundamental: o estar bem consigo mesmo; o amor próprio. Se não lidamos bem com nossa auto imagem ou se por qualquer outro motivo não amamos a nós mesmos, somos incapazes de amar qualquer outro ser, e asim ficamos estagnados em meio a um longo percurso em direção ao amor pleno, paz e felicidade. Que Deus lhe dê muitas recompensas por ser essa pessoa amabilíssima e amantíssima. Por isso não tenho a menor cerimônia em dizer que sou seu fã fervoroso!

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  2. A segunda foto tá mto legal, só o mau gosto do time que impera... kkkkkkkkkkkk

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  3. Levi, obrigada por estar sempre presente em minha vida, mesmo que não nos vejamos sempre. Adoro seus comentários e recebo o carinho de suas palavras. Um beijo!!

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  4. Kate, você é uma das testemunhas da verdade desse post. E, apesar de achar que o mau gosto vem de você, lhe amo mesmo assim... Beijos!!

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  5. Paula, sempre tive complexo por ser muuuuuuuito baixa, sofri preconceito, não me achava atraente, e o corpo então, horrível, sem bunda, sem peito e com pernas arcadas, enfim, minha adolescÊncia foi complicada,mas aprendi a gostar de mim por outras caracteristícas que não fossem físicas.
    O que tenho a dizer é que te admiro e não escondo isso, admiro seu jeito seguro e sua postura diante das situações, sou sua fã.

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  6. Adoro teu blog Paula! Você me faz rir, chorar, me emocionar, refletir sobre muitas coisas. Eu sou tua fã!
    Beijo!

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