sábado, 26 de março de 2011

Vamos viver bem?

Ontem dei um pulinho no shopping para comprar os presentes dos aniversariantes do mês lá do trabalho e quando estava perto do caixa, pagando por um dos presentes, a menina do caixa virou-se para a vendedora que me atendeu e perguntou: "Vamos fazer troca de ovos de Páscoa?" A outra, com uma cara de enfado, respondeu: "Aqui?? Não tenho a menor vontade." Aí a primeira falou: "Não... Só nós duas..." E então a vendedora disse: "Ah, tá... Sendo assim, tudo bem. Mas se fosse com todo mundo da loja participando eu não iria querer mesmo."

Eu realmente não sei o que está acontecendo naquele ambiente de trabalho, o que eu sei é que me deu uma vontade enorme de dizer: "Que triste..." Resolvi ficar calada porque falo demais e preciso exercitar a boca fechada, pelo menos quando não me diz respeito. Entretanto, a cara de nojo da vendedora ao se referir aos demais colegas me causou certo desconforto. Gente, como pode uma pessoa trabalhar em um lugar que, por um motivo ou outro, não a faz sentir-se bem e não tomar nenhuma atitude? Não estou querendo que peça demissão sem poder, a gente depende do salário pra viver. O que passa pela minha cabeça é mudar o que a gente pode, o que está ao nosso alcance, encarar as coisas com mais alegria, adotar um olhar mais caridoso para com as situações difíceis. Porque não trocar chocolates com todo mundo da loja? De repente seria uma boa ocasião para tentar desfazer mal entendidos, pedir desculpas ou perdoar. Mas ao contrário disso, aquela vendedora prefere ir pelo caminho que, muito provavelmente, irá piorar as coisas ainda mais - ela quer fazer uma troca excluindo todos os demais, o que, com certeza, vai gerar ainda mais animosidade.

Eu não conseguiria viver assim. Ou eu resolvo tudo ou pulo fora. Talvez seja mesmo mais fácil pra mim, que amo o que faço e amo meu ambiente de trabalho e as pessoas que dele fazem parte, falar assim, mas será que a mudança não tem que partir da gente? Eu escolho, todos os dias, passar horas agradáveis ao lado do meu time. Às vezes funciona, às vezes não. Mas nos dias em que nada funciona, gosto de conversar, de me abrir para ouvir o pensamento deles, perguntar o que acham disso e daquilo, dar esporro, ouvir que estou certa, ouvir que estou errada, e também me permito falar mais grosso e mais alto algumas vezes sim, porque não? E, assim, todos sabem o que esperar de todos e vamos nos dando bem, dia após dia. Não posso imaginar uma troca de chocolates gerando repulsa e não contentamento.
E o que fica martelando em minha cabeça é porque as pessoas não fazem nada pra mudar esse tipo de situação limite. Essa conduta de "eu continuo trabalhando aqui mesmo detestando, acabando comigo e com meus colegas de trabalho" é inaceitável. Acho insuportável levar a vida sem fazer o que gosto e é lógico que não faço o tempo todo só o que gosto. Mas passar meus dias sem receber um "bom dia" feliz das pessoas que dividem os dias e os problemas de trabalho comigo, tornaria tudo bem mais complicado. Eu nasci com vocação para a felicidade e nunca vou passar pela cara feia de alguém que está comigo diariamente sem tentar fazer algo pra minimizar a chateação ou tristeza. Sei que muitas vezes não há nada que se possa fazer, mas gosto de, pelo menos, tentar. Acredito que gentileza e bondade devem ser exercidas diariamente, a começar com quem está ao lado. Posso pecar pelo excesso, não pela falta.
O querido Chico Xavier, em toda a sua grandeza espiritual, disse: "Tudo o que pudermos fazer no bem, não devemos adiar... Carecemos somar esforços, criando, digamos, uma energia dinâmica que se anteponha às forças do mal... Ninguém tem o direito de se omitir". Estou tentando aprender. Não pode ser tão difícil assim viver bem...

Nenhum comentário:

Postar um comentário