quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Filhos e sexo

Sempre me disseram que casamento acaba com a vida sexual do casal. Não acho que seja verdade. Falam muito da rotina que se tem quando se é casado, que a graça do sexo vai embora com essa rotina e eu não acredito nisso. Ao contrário, acho que a vida de casada é maravilhosa até sexualmente falando justamente porque a gente tem liberdade pra transar a hora que quiser e onde quiser. A rotina - de que tantos falam mal - eu acho maravilhosa. Adoro uma rotina, uma intimidade. E a intimidade que a rotina dentro de um casamento traz também me agrada. Intimidade pra dizer que não quer transar naquele momento. Intimidade pra dizer que quer, desesperadamente, transar em um outro momento que não seja tão "apropriado" sem parecer louca. Enfim, pode parecer incoerente, mas a rotina faz ficar legal quebrá-la de vez em quando. O fato, voltando ao assunto principal, é que sou casada há quase 7 anos e casamento nunca me deixou "na seca", se é que estou me fazendo entender.

Agora quando o assunto é filhos... Ai, meu Deus. Deviam ter me dito que quem atrapalha a vida sexual de um casal não é a rotina de viver sob o mesmo teto. Ela só leva a fama. Deviam ter me dito que o que dificulta e muito é o nascimento do filhote. Chega a ser engraçado que quando a gente põe na cabeça que quer ter um filho a gente comece a transar que nem louco. Eu já deveria ter imaginado que "dia de muito é véspera de pouco" já dizia minha avozinha. 

Em um primeiro momento, quando o filho nasce todas as forças e foco estão voltados para o bebê. Ele suga todas as nossas energias, tanto que a gente fica mesmo um tempo sem pensar em sexo e é verdade também que se a gente pensa, o cansaço faz a gente esquecer o pensamento rapidinho. Os três primeiros meses da vida do casal pós nascimento é exaustivo.

Pombas, mas passado esse período inicial em que o sexo dá uma rariada mesmo, a gente começa a ter pensamentos muito mais frequentes de querer transar, ninguém é ferro e mesmo que você ainda esteja acima do peso, se sentindo horrorosa e descabelada, sexo é bom e todo mundo gosta e faz uma falta danada... Só que aí é que entra a adaptação suprema à uma nova e inusitada rotina: assim como você não faz mais NADA na hora que dá vontade, você também não transa mais na hora que dá vontade. Só que essa falta de espontaneidade afeta muito a vida sexual do casal. Por exemplo, se você sente fome e não pode comer porque seu filho está chorando e quer mamar, você fica com fome mas vai comer mais tarde - sabe-se lá que horas, mas vai comer. Se você quer tomar banho e na hora que a água está quentinha o bebê faz coco e você precisa trocar a fralda, ok, o banho fica adiado pra mais tarde um pouquinho. Ou mais tarde um poucão. Mas quando você for tomar banho de novo, é só abrir o chuveiro e esperar a água esquentar novamente. Está com vontade de ir ao cinema e o filho ficou doente? Tudo bem, quando puder ir ao cinema, finalmente, a vontade vai ser igual. Com sexo, meu amor, a estória é bem diferente. Transa adiada é transa perdida.

Sempre achei que o legal do sexo é quando, de repente, os dois estão de bobeira e bate aquela vontade e a gente começa a tirar a roupa e rola. Depois que se tem filhos, muitas vezes, quer dizer, a maior parte das vezes, bate essa vontade de repente e o que a gente faz com ela? Segura a vontade porque não é o momento. Miguel está acordado. Ou, pior, rola a vontade, a criança está dormindo e o que acontece? Quando você acha que está bom demais, ouve um choro e a coisa é interrompida alí, no meio do caminho. Senhor... Sei que não é o caso de chamá-Lo nessa hora, mas tenha piedade de mim... Please... E pode acontecer o contrário também, a criança está dormindo e os dois sabem que tem que ser naquela hora, só que tem vezes que a gente não está a fim NAQUELA hora, só que é a única hora que dá e a gente se sente na obrigação de aproveitar, porque se não for naquele momento, sabe-se lá quando será. Isso não é legal. Não é legal também aprender a transar com pressa e chegar lá rapidinho porque a gente fica pensando que a qualquer momento o filho pode acordar e acabar com a brincadeira, então, sendo assim, é melhor a gente ir direto ao ponto. Que pecado. Aprender a transar quando não se está muito a fim mas pra garantir, porque não sabemos o dia de amanhã, definitivamente, não é digno. Sexo merece dignidade. Merece ser espontâneo, cheio de vontade, de tesão. E transar pra garantir tira qualquer dignidade do ato. Enfim, mas é isso que temos pra hoje e é assim que vamos levando.

Eu ainda tenho uma sorte de ter um marido louco por mim - amém - e pra ele não tem dia de sol ou tempo chuvoso que atrapalhe. O namorado chega junto em qualquer hora, mesmo sem clima, sem ser espontâneo, o cara está sempre disposto a parar tudo o que estiver fazendo pra atender a qualquer pedido meu, sexual então, nem se fale. Mas, mesmo assim, quero deixar claro aqui para os mais desavisados que casamento não atrapalha a vida sexual de ninguém, porém não posso dizer o mesmo dos filhos. Filho atrapalha, sim. E muito. É preciso muito amor, malabarismo, bom humor e certa dose de loucura pra dar conta da falta que o sexo descompromissado e livre faz na vida da gente. Mas tenho esperanças de que isso vai melhorar. A certeza de que o namorado me ama mesmo assim, e acima disso tudo, esquenta muito o meu coração. Melhor é rir da situação e bola pra frente. Na altura do campeonato, a esperança de que isso passa é a única coisa da qual não posso me dar o luxo de abrir mão.

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