quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mulher Maravilha



Quando o Miguel nasceu, eu, idiotamente - e isso eu só consigo enxergar hoje, 2 anos e 7 meses depois - imaginei que a capa da mulher maravilha estava nascendo também nas minhas costas. Só que passado esse tempo, vejo que, pra minha decepção, o fato de ser mãe não me torna uma super mulher e, pra piorar, me coloca de cara com todas as minhas fraquezas e falhas o tempo todo.

Quando o filho nasce queremos ser a melhor pessoa do mundo, queremos ter paciência, queremos não gritar, não chorar de desespero quando não sabemos mais o que fazer, queremos ter as soluções, queremos ser a solução. Acho que é por isso que me sinto tão frustrada e triste comigo mesma quando perco a paciência, quando me descabelo nas ocasiões em que não dou conta de tudo, porque, na minha cabeça louca, ao ser "elevada" à categoria de mãe, receberia junto com essa "promoção" vários superpoderes. Achei que seria onipresente, onipotente e onisciente. E a pergunta agora é: onde estão os meus superpoderes? Na falta desses poderes, vejo que minha condição humana impõe que eu trabalhe em cima das minhas falhas e isso é difícil pra caramba. 

Por um lado, me sinto levada ao extremo de saber o quanto preciso melhorar e crescer pra ser uma mãe bacana pro Miguel. Pro outro, me sinto grata à Deus pela chance de aprender, mesmo que de modo intensivo, a lidar comigo mesma. Por mais cansada que me sinta e estressada por ter imaginado que eu seria uma mãe que nunca levantaria a voz, que seria sempre tranquila e disciplinadora e ver que não é bem assim, sei que precisava passar por tudo isso e agradeço mesmo a Deus por essa oportunidade. O Miguel é o caminho mais louco que eu escolhi pra ver o que posso melhorar da forma mais clara possível. Quero muito melhorar, quero muito dar conta de tudo, mas preciso aceitar que não sou a mulher maravilha e que o meu filho tem uma mãe humana e que faz besteiras e se descontrola também.

Engraçado que toda essa estória de maternidade me fez ver que eu não sou uma heroína, mas também me fez olhar pra trás e ver o tamanho do valor da minha mãe. Quando lembro dos seus gritos, da sua luta pra cuidar do trabalho dela, da casa, do marido, de nós, vejo o quanto minha mãe foi guerreira. Ela é minha mulher maravilha, mesmo que tenha gritado comigo. Mesmo que tenha me ameaçado de morte. Mesmo que tenha chorado por meus erros. Como eu admiro essa minha mãe justamente por ela ser tão real.

Talvez demore a chegar o dia em que o Miguel vá entender que, não, eu não sou a mulher perfeita, o herói infalível que os filhos sempre imaginam que os pais sejam. Mas tenho certeza que no final das contas, o Miguel também vai entender que todos os super heróis têm suas fraquezas e que isso dá toda a graça pra suas estórias. Não existe nenhum super herói sem ponto fraco. Imagina eu, que não ganhei a capa da mulher maravilha quando ele nasceu... Um dia, queira Deus e isso me conforta muito, meu filho será pai, e vai entender toda a minha luta diária pra ser uma mãe legal. Vai olhar pra trás e enxergar todo o meu esforço pra ser a melhor mãe que minhas limitações permitem que eu seja e - tomara meu bom Deus - vai entender que todos os meus erros foram cometidos com a enorme vontade de acertar. Talvez nesse dia eu me transforme na sua mulher maravilha, do mesmo modo que minha mãe é a minha.

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