segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Sem noção

Tem coisas que agridem meus olhos e acho que as pessoas deveriam ter um pouco de cuidado - só um pouco, please - na hora de escolher o que vestir. Tenho reparado, cada vez mais, que o povo anda abusado demais com a escolha de suas roupas e fico pensando que essa liberdade de expressão (que passa pela escolha do que vestir para tal lugar) está deixando de lado certos critérios básicos. Não estou nem falando de ambiente profissional não... Estou falando de gente na rua, na praia, piscina, shopping. Desculpe, mas muitas vezes me sinto agredida pela indumentária que vejo por aí.

Temos liberdade, sim, a sociedade está bem menos severa com relação a isso, vemos a todo instante pessoas mais velhas que estão muito bem, com o corpo bacana, mas não precisamos exagerar e achar que somos gatinhas e sair botando a bunda de fora, né? Outro dia estava no shopping e passou uma senhora magra, quer dizer, magra, não, magérrima, muito magra demais, com um shortinho que mais parecia um cinto. A pele chegava a descolar dos ossos, sabe aquela pele sem viço, sem elasticidade, caindo em cima do joelho? Me poupe. Estando assim, é preciso saber que não dá mais pra usar shortinho, gente. Precisamos ter essa noção.

Tem gente que me fala: " Ah, Paula, o importante é ser feliz! Isso é uma questão de auto estima." Mas quem disse que eu quero que as pessoas sejam infelizes ou que não se gostem ou valorizem? E pra ser feliz precisa colocar as mazelas de fora? Pombas, é uma questão de bom senso. Hoje em dia é um tal de barrigas enormes caindo em cima das calças com a cintura baixíssima, tops que mal cobrem os peitos siliconados, decotes nas costas quando elas estão cheias de pneus dobrando e isso me deixa com um sentimento de estranheza. Sabe quando você está em uma festa e chega alguém com um decote tão grande que você não consegue fazer outra coisa a não ser ficar olhando aqueles peitos pulando? É constrangedor. Ou então aquele vestido que deixa à mostra as calcinhas ao menor movimento e você não consegue parar de olhar pra ver como aquela pessoa vai fazer pra se movimentar usando uma roupa tão apertada e curta. É constrangedor. A gente não pára de olhar mesmo e a pessoa deve ficar achando que está sendo o centro das atenções quando as pessoas só estão se perguntando porque ela escolheu aquela roupa...

Como uma pessoa tem coragem de ir ao mercado sem sutiã? Eu sou obrigada a olhar aqueles peitos mirando o chão, na altura da cintura? É falta de respeito. Comigo e com ela própria. Homem sair à rua sem cueca? É falta de respeito. E a famigerada regata que alguns homens adoram usar em qualquer lugar? Eu não sou obrigada a ficar olhando o sovaco cabeludo de ninguém! Está indo pra academia, pra praia, vai ficar em casa, ok, use a regata. Fora isso, regatas deveriam ser proibidas. É feio demais.

Esse final de semana estávamos na piscina e era tanta bunda de fora, coroas com os biquinis mínimos. Às vezes fico achando que meu espelho deve ser diferente do espelho dos outros. Só tem um tipo de bunda que fica bem com um biquini mínimo todo enfiado: a bunda perfeita, redondinha, empinada, sem celulite. E quantas mulheres conhecemos com bundas assim? Eu conheço uma ou duas. O resto - e me enquadro nesse grupo - pode ficar linda com um biquini maiorzinho, não precisa tampar todo o bumbum, não, mas nem tanto ao céu e nem tanto à terra.

Nunca fui puritana, já usei biquini minúsculo - quando tinha 18 anos. Já usei barriga de fora - quando tinha 20 anos. Já usei roupa curtérrima - quando tinha 25. Mas tudo tem seu tempo e envelhecer sabendo respeitar as transformações do corpo é uma virtude. Acho que ainda posso usar uma saia mais curta de vez em quando, um short no meio da coxa, mas me observo muito porque o que eu acho que as pessoas não vêem é que a linha que separa o "deixa ela ser feliz" do "estou ridícula" é muito fina. É só se olhar com critério e fazer um julgamento justo de si próprio. Eu tenho pânico de ficar parecendo uma "vovó-garota". Quero ser uma mulher que não tenta esconder a idade que tem e que sabe se vestir apropriadamente pra seu corpo, pra sua idade e pra cada ocasião. Saber envelhecer é preciso. Que me desculpem as loucas, mas ter noção é fundamental.

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