quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Mãe Bruxa



Espero que Deus perdoe essa mãe louca. Espero que Deus saiba que as tantas besteiras que venho falando desde ontem são fruto do estresse, cansaço e vontade mega de ter uma noite de sono que dure, pelo menos, 8 horas. Reconheço que falei um monte de coisas feias pro Miguel e que estou sem paciência nenhuma e peço, humildemente, perdão.

Deve haver mães que nunca se abalam ou se estressam, que nunca gritam, nunca sentem vontade de levar a criança pra qualquer lugar no mundo onde não se escute o choro irritante que interrompe as noites de sono, a hora do jantar ou qualquer outra atividade pra qual você tente dedicar algum tempo. Eu não atingi esse grau de elevação e sou das que se descabelam vez ou outra e que gritam. Gritam muito. Acho que como não bato em ninguém, muito menos em criança, eu grito. Grito mesmo. Não é sempre, mas desde ontem tenho gritado com o Guel. Cheguei a dizer, aos berros: "Uma mulher quando sente que a vida está muito calma e tranquila, quando ela vê que pode fazer o que bem entender, dormir, sair, deitar na cama olhando pro teto sem ter hora pra levantar, ver filmes às pencas, ler todos os livros que encontrar pela frente, o que ela faz? Resolve enlouquecer e agitar um pouco a rotina. Qual a decisão dela? Ter um filho. Não tem problema? Tenha um filho! Tá com a vida previsível? Tenha um filho! Quer viver que nem malabarista de circo? Tenha um filho!"

Já imaginou a cara dos vizinhos me escutando falar isso? Quer dizer, falar não... Preciso ser honesta... "Berrar descontroladamente" seria a expressão mais indicada. Devem ter tido vontade de invadir minha casa e salvar meu bebê da bruxa meméia que se diz mãe da criança. Entendo. Quem nunca julgou uma mãe em pleno ataque dos nervos? Já julguei e agora sou julgada. É a vida, fazer o quê?

Estou cansada. O fim de ano está perto e, ao contrário da maior parte das pessoas, não posso pensar em férias. Agora é a hora que eu trabalho mais. Os meses iniciais do ano são importantíssimos pra mim, pra que eu possa alavancar um ano todo com alguma tranquilidade. O namorado, por sua vez, também está entrando em um período de muito aborrecimento e trabalho sem fim: o volta às aulas. E também está estressado e cheio de coisas pra resolver. Também está muito cansado. Enfim, fora o cansaço, acho que o sono acumulado desses 2 anos e meio está cada vez mais gritante. Eu sinto um cansaço crônico. Tenho vontade de dormir um dia inteiro. E aí, justamente nessa hora, o Miguel resolve ficar manhento, ranhetando toda hora, se queixando de dor na boca para onde olho e olho e não vejo nada. Pois é. Só que o coitadinho está com estomatite, soube hoje, e não consegue comer nada, mal está tomando água...

Minha mãe já tinha me dito: "Paula, seu filho não é chato assim... Ele está sentindo alguma coisa... Calma." Mas eu só queria dormir, não queria consolar ninguém que está com dor na boca. Queria me jogar em um canto e ficar quietinha por lá mesmo. Mas mãe não pode. Mãe tem que tirar forças sabe-se lá de onde, seguir e fazer o que é certo. E agora estou aqui morrendo de culpa por ter falado tanta besteira pro Miguel que é uma criança maravilhosa, que nunca fica doente e ainda tem que escutar a mãe descompensada gritando com ele quando está cheio de dor. Sou uma bruxa. Que Deus me perdoe e minha culpa diminua.

2 comentários:

  1. Saiba q me orgulha sua sinceridade! Vc e uma mãe real e Deus sabe disso.

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  2. Kelly, acho que Deus deve mesmo saber que sou só uma mãe de carne e osso... Mesmo que queira ser a mulher maravilha... Obrigada!!

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