sábado, 3 de março de 2012

Vamos dar tempo ao tempo




Ontem não foi um dia fácil. Corrido no trabalho, cheio de coisas pra fazer e ainda recebo a notícia de que duas pessoas que trabalham comigo vão sair. Isso bagunça o coreto da equipe, faz todo mundo ter que se desdobrar pra achar pessoas à altura, no ritmo que a gente gosta e precisa, fora o desgaste que é um treinamento, ensinar tudo de novo. Ai, só de pensar me canso. Mas a vida é assim mesmo. E ela não vai parar. 

Fiquei com uma dor de cabeça o dia inteiro, a mente cansada de tanto buscar soluções, o coração dividido entre o sentimento de impotência diante do que não está ao alcance das minhas mãos como em situações como essa, em que não há nada que se possa fazer, e a certeza de que Deus sempre sabe o que faz. Por mais confuso que tudo pareça agora, as coisas vão se ajeitar, preciso acreditar nisso. 

Passei uma noite agitada, tão cansada e com tanto sono (não sei o que acontece comigo, mas toda vez que tenho algum problema ou estou estressada, sinto um sono enorme) mas acordando de 2 em 2 horas com a questão borbulhando na minha cabeça. Minha mente não parava, até quando estava dormindo meu sonho era sobre isso. A cada vez que acordava e abria meus olhos pedia a Deus que me ajudasse, que enviasse alguém bacana pra fazer parte do nosso time e que me mostrasse o caminho. De qualquer jeito, acabei acordando com a mesma dor de cabeça com que fui dormir. 

Agora de manhã, antes de vir pro trabalho, resolvi passar na farmácia pra comprar um remédio pro Miguel que resolveu ficar prendendo o coco!! Era só o que me faltava. Dizem que é muito comum meninos terem prisão de ventre quando são desfraldados e eu estou de olho nisso porque em muitos casos, quando o coco empedra, é necessário fazer lavagem e tudo. Bem, voltando ao assunto, parei o carro próximo à farmácia e fui andando pela calçada sem conseguir pensar em nada, a cabeça meio oca. Logo passou por mim um pai com duas meninas. Uma devia ter uns 10 anos e a outra era bem pequena, dando seus primeiros passinhos, caminhando com aquele jeitinho incerto que os bebês quando começam a andar têm, de mãos dadas com seu pai e sua irmã mais velha. Quando a pequenina me viu, abriu um sorriso enorme, desses que fazem a gente fechar os olhos, um sorriso tão alegre que me fez sorrir pra ela também. Esqueci, naquele momento, qualquer preocupação. 

Continuei andando em direção a farmácia e nem reparei em um senhorzinho negro, vendedor de cocada, que estava em frente a padaria que fica ao lado da farmácia. Estava passando por ele de cabeça baixa, quando o ouço dizer "bom dia!". Me virei e olhei pra ele pra falar bom dia de volta, e recebo outro sorriso maravilhoso... Naquele momento tive a certeza de que Deus queria me dizer que não adianta eu ficar me preocupando demais, que tudo tem seu tempo e que vai se resolver da melhor forma possível pra todos. Lembrei o que eu já sei: que levar a vida sorrindo é o melhor remédio pra tudo e que gastar meu precioso tempo do final de semana, tempo que tenho pra ficar com minha família, pensando e tentando achar solução pra coisas que não dependem de mim, não vai me levar a nada, a não ser ganhar mais alguns pés de galinha. 

Os dois sorrisos que recebi bem cedinho hoje, da menininha e do senhor vendedor de cocada, foram um sinal dos céus pra mim e, por causa deles, ganhei a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, tudo se solucionará. Por essa graça quero agradecer, mas quero pedir também. Peço hoje que Deus ilumine a vida daquela menininha de passos incertos e que ela tenha um ótimo dia, cheio de carinho e brincadeiras com sua família. Peço também a Deus pela vida do senhorzinho que me dedicou um sorriso lindo, que ele venda muitas cocadas e que em sua casa ele tenha um ambiente acolhedor esperando-o de volta depois de passar o dia trabalhando. Eles não sabem, mas me fizeram ganhar o dia. Que Deus possa recompensá-los. Pra mim, desejo paciência e entendimento de que na hora certa o caminho se mostrará. Não adianta lutar contra o tempo. Tempo, tempo, tempo, tempo...

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