terça-feira, 24 de maio de 2011

É amanhã

Estou me desdobrando com os preparativos de última hora pra viagem: contas a pagar a serem agendadas, tarefas no trabalho que precisam ser feitas sem a minha presença, deixar tudo organizado em casa para que não falte nada ao Miguel, lembrar de deixar a carteirinha do plano de saúde, o telefone do médico, enfim, uma porção de coisas pra que eu possa viajar tranquila.

Antes quando viajava não levava celular, radio, nada que pudesse me comunicar com a vida cotidiana. Meu objetivo era desligar completamente e não queria nada me perturbando.  Agora é muito diferente, preciso ter contato porque meu bem mais precioso fica por aqui. Uma parte do meu coração fica aqui. E preciso saber dele todos os dias para ficar tranquila.

Não sei, às vezes, parece que criança sente o que está por vir. Todos os dias antes de ir pra creche, a Taninha é que cuida dele, dá banho, troca fralda, veste. Enquanto isso eu estou me arrumando pro trabalho. Inexplicavelmente, ontem e hoje Miguel não aceitou que ela fizesse isso. Queria que eu o vestisse... Deve ser pra eu sentir ainda mais culpa que já sinto nos dias que antecedem as férias. Não vou mentir aqui dizendo que não me divirto sem meu bebê. Divirto-me muito. É claro que penso nele, se está bem, se está indo pra creche feliz, se está comendo, se está dormindo bem, mas sei que ele precisa de uma mãe sã e feliz e isso me consola.

Hoje, me despedindo da minha irmã já que amanhã não vou vê-la, perguntei se ela vai cuidar do Miguel como se fosse filho dela. Ela me respondeu que é melhor que ela não o trate assim, porque sempre brincamos que ela é uma carrasca com as meninas e, sendo o Miguel afilhado, vai tratá-lo ainda melhor... Mas, brincadeiras à parte, tenho certeza de que ela sabe exatamente o que eu quis dizer: só uma mãe faz de tudo pra ver seu filho feliz e isso, eu tenho certeza, ela fará para ver o bem estar do Guel.

Hoje vou conversar com ele à noite, antes de dormir e explicar que eu e o namorado vamos entrar em um avião, mas que vamos voltar. Sei que alguma coisa ele já vai entender. E espero que ele não sinta minha falta. De verdade. Eu, não há dúvida, fecharei a porta de casa, mais uma vez, chorando. É parte da vida de mãe que quer continuar a ser namorada. É o preço que tenho que pagar por minhas escolhas.

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