segunda-feira, 20 de junho de 2011

Coragem





Quando eu e namorado viajamos em férias no ano passado, Miguel tinha 1 ano e 4 meses. De verdade, ele não deu a mínima. Nessa idade as crianças ainda não têm noção de tempo e minha preocupação foi não tirá-lo de seu ambiente, sua rotina, seu mundo. Depois de 15 dias afastados dele, voltamos cheios de saudade e recebemos um sorriso e nada além. "Onde será que eles estavam escondidos?", foi o que a carinha dele fez eu imaginar que passava pela cabecinha linda do meu menino.

Esse ano foi diferente. Ele já estava com 2 anos e é incrível como 6 meses fazem muita diferença na vida curta de um bebê. Nesses primeiros 2 anos - os chamados anos cruéis - tudo acontece, com o bebê e com a pobre mãe. Imagina que eles aprendem a se mexer, a mãozinha, os dedinhos do pé, aprendem a seguir a gente com o olhar, a rolar, virar de bruços, a pegar coisas, segurá-las, começam a reconhecer pessoas e objetos, a engatinhar, a andar, a correr. Aprendem a se expressar, a falar, a boca banguela fica cheia de dentes. Enfim, é difícil pra caramba. Mas também é delicioso observar todas essas conquistas, todas essas etapas vencidas. Por isso, sabia que meu filho estranharia nossa ausência dessa vez. Tentei, de novo, que fosse pouco, mas, por mais que defenda meu direito a estar a sós com o namorado e vou continuar defendendo, sei que pro meu filho foi diferente dessa vez.

Minha irmã e meu cunhado estiveram com ele o tempo todo e Miguel não deixou de ir pra creche nenhum dia. Dormiu bem, mas, de vez em quando, chamava "mamãe" ou "papai". A Sis falou que ele brincou muito, seu apetite não sofreu alterações. Nos falávamos todos os dias pelo Skype com video para que ele pudesse nos ver e, na boa, ele não dava a menor bola pra gente. Mandava beijinhos, apontava para a imagem e falava "mamãe" e "papai" e já pedia pra descer do colo do meu cunhado pra ir brincar com as primas. Entretanto, quando chegamos, a felicidade dele ficou estampada no rosto e durante os 3 primeiros dias após nossa chegada, nem eu nem o Hugo podiamos sair do campo de visão dele. Ele ficava inquieto e chamava logo por quem ele não estivesse conseguindo enxergar. Miguel queria ficar grudadinho na gente o tempo todo, de preferência no colo. No dia seguinte ao nosso regresso, chorou pra ficar na creche. Acho que estava com medo de "sumirmos" de novo.

Mas, com nossa presença e a volta ao dia-a-dia costumeiro, esse medo dele não passou de 3 dias. Já voltou a entrar na creche com a mesma alegria de sempre e já não está grudado na gente como antes. Vida que segue. Acredito que esse tenha sido o ano mais difícil porque ele já tem alguma noção de tempo mas ainda não entende nosso afastamento. No próximo ano, quando ele terá maior entendimento, acredito que será mais fácil. Vai sentir saudade mas vai saber que a gente volta. Ele está sendo acostumado desse jeito, sabendo que os pais vão tirar um tempo pra eles de vez em quando. E, sinceramente, esse tempo é essencial pra mim.

Nem todo mundo tem a família por perto pra ajudar, nem todo mundo pode contar com uma irmã que se instale em sua casa pra mudar pouco a vida do seu bebê. Eu sou afortunada nesse sentido, eu sei. Mas se tivesse que viajar com o Miguel, juro que pensaria duas vezes. Fico nervosa só de pensar em como será o comportamento dele dentro de um avião por horas... E na tralha que a gente tem que levar? Confesso que admiro minha querida Ana que veio com sua linda Carol passar férias perto da família no Brasil e já estou torcendo os dedos pela Dani que vai encarar a mesma tarefa daqui a pouco com o fofo Joaquim. A viagem das duas é pra ficar perto da família e contam sempre com apoio familiar. Viajar de férias, pra longe da família, é diferente e é preciso ter uma coragem que ainda não tenho. Aí está o ponto: muitos me perguntam como eu tenho coragem de viajar e deixar o Miguel em casa. Minha pergunta é justamente o contrário: Como você tem coragem de viajar de férias e levar seu bebê? Pra isso, sim, é preciso ter muito mais coragem! Cada um sabe de si e não cabe julgamento. Tudo é muito relativo nessa vida, não?

Esse ano começarei a fazer pequenas viagens com o Guel. Irei a SP para o aniversário da minha afilhada e já vou ter uma mostra de como ele vai se comportar. Começamos a planejar outras viagens curtas para a partir daí, começarmos um processo para que, logo, logo, Miguel possa nos acompanhar e curtir as viagens tanto quanto os pais. Mas, antes de me aventurar a passar 15 dias longe da minha casa com o Miguel, preciso que ele já esteja, ao menos, limpando seu bumbum sozinho. Se não, a viagem para descanso será mais cansativa que ficar em casa com ele. E, desculpe a minha sinceridade, eu não estou a fim de ter mais trabalho do que já tenho...

2 comentários:

  1. Oi Paulinha! Que lindo! Ganhei uma mention no seu post he he Eu sempre leio suas postagens. Adoooro blogs de mães e pais!
    Que engraçado, eu nem acho que é coragem viajar pro Brasil, porque é uma extensão de mim, é casa também, sabe? E a carol, com seus 10 mesezinhos agora, se sente bem qdo a mamãe se sente bem. Ela só quer estar perto de mim. Na ida, são 12 horas de viagem. Ela dorme e acorda no Brasil. Chega num lugar de muitos miminhos e carinhos e muita festa pra ela. Ela já fez Londres - Rio 2 vezes e foi tranquilo.Pra mim, não é nem férias, é necessidade! De que a minha família esteja com ela, vida de imigrante tem seus pós e contras. Na verdade, 1 contra, que é estar longe da família.
    Confesso que não consigo ficar longe dela, nem algumas horas sequer, let alone, dias. Então, clap, clap pra você, que acho que tem sim coragem. Mas por algo que é por você, pais felizes = filhos felizes e todo mundo ganha no long run. Eu ainda não estou 'in that place' e não sei se algum dia estarei. As minhas amigas aqui sempre se oferecem de babysit pra gente, mas eu não consigo, não sinto a necessidade, na verdade. Talvez, se tivesse uma irmã maravilhosa pertinho como vc, talvez...
    Temos uma viagem planejada com ela pro seu 1o. aninho. Vamos a Disney e dps ficamos uns dias em Paris. Daí sim, acho que vai ser viagem, com cara de viagem, sem a casa dos pais e todas as comodidades. Mas, adoramos viajar e queremos que ela faça parte disso. Vai ser a primeira de muitas ;)

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  2. Ana, é extamente isso, não tem receita e filhos felizes são produto de pais felizes. Viajar 12 horas de Londres pro Rio é voltar pra sua casa, é ter as comodidades de ter a família por perto. Quando a gente viaja sem isso é que a coisa aperta...rs...

    Estou doida pra viajar com o Miguel, pra ver a carinha dele descobrindo tanta coisa nova... Mas ainda vai demorar pra fazer viagens mais longas. E, deixa eu lhe dizer que, só deixo tranquila o meu filho porque é com a minha irmã. Meu coração não ficaria calmo com mais ninguém. Ninguém mesmo!

    Um beijo e estou com saudades!!
    Paula

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