sábado, 25 de junho de 2011

Imprevisível





Na última quinta-feira, feriado, fomos almoçar na casa da minha madrinha. Ótimo, família toda, ou quase toda, reunida e isso me deixa muito contente. Adoro estar junto com a família, é minha prioridade, sempre. Mas saí de lá esgotada, com um aperto no peito, me sentindo fracassada como mãe. 

Miguel se comportou como nunca: bagunceiro, mal criado, e com apenas 2 anos, estava conseguindo me levar perto do limite. Tudo sempre começa quando as crianças se reunem e, obviamente, Miguel sendo o mais novinho, fica excluído das brincadeiras. O mais novo depois dele é o Gabriel, com 6 anos. Quer dizer, a diferença é grande e é perfeitamente normal que eles não vejam graça em brincar com o Miguel. Quando Rafa e Duda estão aqui em casa, elas brincam com ele e ele é o centro das atenções. Lá, a estória foi diferente e acho que ele, de cara, ficou enciumado. 

As crianças foram jogar bola e meu filho, abusado que só, do alto de seus 2 anos de idade, queria brincar também. Queria chutar a bola, fazer gol. Miguel é extremamente ativo, esperto mesmo. Ele gosta de brincar sozinho, mas se outras crianças estiverem por perto, não importa a idade, ele quer socializar, estar entre elas. E as crianças não deixaram ele encostar na bola. Primeira vergonha do dia (bem que minha mãe me avisou que filho faz a gente passar vergonha direto...): ele começou a pegar as pedrinhas do jardim e tacar nas crianças que estavam brincando (seus primos!). Meu Deus, com quem ele aprendeu isso?? Hugo mandou parar e carregou o doidinho agressivo pra dentro, entregou seus brinquedinhos pra que ele se distraísse com outra coisa. 

Inquieto, Miguel não parava, queria sair de novo a todo instante. Em cima da mesa de centro da minha madrinha, havia duas estátuas, dessas magrinhas, de um homem e uma mulher. Pois é, havia mesmo porque meu filho esbarrou com seu jeito sutil feito um elefante na mesa e decaptou a mulher. A boneca caiu em cima da mesa mesmo, corpo para um lado e cabeça pro outro. A estátua homem ficou lá, em cima da mesa, inerte e sem companheira pra contar estória. Minha madrinha,  muito educada, disse que não me importasse, que criança é assim mesmo e que estava tudo bem. E eu já pensando onde acharia uma estátua igual pra dar a ela de presente...

Estávamos almoçando todos juntos e Miguel gosta de comer sozinho e faz isso muito bem. Suja um pouco a roupa, a mesa, mas é independente e eu acho bacana isso. Só que, lá pela metade do prato, a mãozinha dele esbarrou de mal jeito no prato e ... plaft!!! Prato no chão quebrado. Quem merece?

Depois do almoço, nova tentativa de brincar com as crianças, de novo sem sucesso. Miguel veio pra dentro da casa, a gente brincou com ele e ele pediu bolo pro namorado. No que o Hugo se levantou pra pegar bolo pra ele, ele correu pra sair da sala e esbarrou na mesinha de canto e derrubou um cinzeiro de cristal!!!! Alguém prepare o banho de sais, por favor!!!! Não acreditei ao ver o objeto quebrado que eu sei que é caro. Não era um cinzeiro desses fininhos não... Sabe esses cinzeiros antigos, de cristal azul grosso? Pois é. Como se estivesse assistindo um filme, minha ficha caiu. Se eu estivesse olhando essa cena toda acontecer e estivesse de fora da situação pensaria: "Esse menino é muito mal educado." Só que o menino mal educado em questão é o meu filho!!! E os responsáveis por sua educação são o namorado e eu... Nossa, que soco no estômago.

Antes de ir embora, Miguel ainda jogou um porta retrato (com a minha foto, graças a Deus!) no chão. Eu saí de lá nocauteada, pensando no que estou fazendo de errado, o que eu preciso mudar. Nem dormi direito à noite, acho que preciso ser um pouco mais dura com minha delícia, apesar de falar grosso e sério com ele, enfim, depois de muito pensar acho que preciso ser ainda mais firme pra não passar mais por isso na casa de ninguém se meu bebê mimadinho for contrariado ou não aceito nas brincadeiras. 

Se eu contar que chorei horrores conversando com minha irmã, alguém acredita? Pois é, mas foi isso o que aconteceu. Quando a gente se depara com nossa fragilidade, com toda a responsabilidade de educar uma criança na prática e vê que o buraco é mais embaixo e que, definitivamente, não vai ser fácil, é duro. Duro a gente observar o filho com o comportamento inadequado e, é lógico, salvo o fato de ele só ter 2 anos, saber que a culpa é sua ou que, pelo menos, você é o responsável por mudar aquela situação. 

Estou conhecendo meu filho, dia após dia, e nunca poderia imaginar essa reação dele com relação à frustação de ser impedido de participar da brincadeira. Miguel é uma criança que não pára mesmo, curioso, está na fase de mexer em tudo, de experimentar, mas de demolir o que encontra pela frente, nunca pensei. Foi uma situação imprevisível, assim como o dia de hoje.

Hoje não trabalhei, fiquei em casa o dia inteiro. O namorado trabalhou e pensei que seria um dia de cão. Mais uma vez, Miguel me surpreendeu. Passou o dia quietinho, vendo Toy Story 2 mil vezes, uma atrás da outra, brincando em seu quarto com os bonecos Woody, Buzz Lightyear, Bala no alvo e Jessie e só me chamou quando fez coco ou quando o filme acabou. Brincou com as primas que vieram pela tarde, tomou banho e voltou a assistir adivinha? Toy Story 2 mais umas mil vezes, parecia um anjo, um garotinho crescido brincando em seu quarto. Consegui fazer mil coisas, só parei para lhe dar comida e pra ficar brincando com ele em seu quarto. 

Dessa situação toda, fica a lição de que é preciso estar atento o tempo todo, que educar é o trabalho mais duro que já tive e do qual sei que não vou abrir mão nunca. Tenho consciência que preciso melhorar, mas não vou desistir. Meu imprevisível filho merece. 

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