quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Ballet



Essa semana, fazendo minhas aulas de box training, fiquei pensando, entre socos e chutes, no quanto que ter feito uma atividade física desde menina me ajudou e ajuda até hoje. Lá na aula, no meio de tantos outros alunos, fico observando minha rapidez para repetir as sequências e como tenho ritmo e facilidade para não perder a contagem. Devo isso à dança.

Minha irmã tinha 5 anos quando pediu pra minha mãe colocá-la no ballet. Eu, a princípio, escolhi estudar piano, coisa que fiz até os 16 anos. Entretanto, enquanto esperava minha aula de piano, ficava, muitas vezes, observando minha irmã fazer suas aulas de dança e fiquei com vontade de entrar também. Logo estava eu calçando minhas sapatilhas e indo animada para o ballet. Começava ali um caso de amor que não morre nunca.

A dança é responsável por muito de mim, não só fisicamente, mas também culturalmente. Em minha casa tínhamos o hábito de escutar muito MPB, mas conheci a música clássica através do ballet. Depois, com a prática do piano, pude ir aprendendo minhas músicas favoritas, mas foi o ballet que me fez gostar de Mozart, Beethoven, Bach, Chopin, entre muitos outros. O ballet desperta nossos sentidos de uma forma inexplicável. Ganhamos consciência corporal, testamos nossos limites, buscamos ir além, ensina a superar nossas frustrações, mostra que o mundo é um lugar onde competição vai existir sempre e que precisamos dar o nosso melhor, em todos os momentos, não para nem por outros, mas por nós. Se conheço tão bem meu corpo, devo ao ballet. Se tenho postura e, muitas vezes, pessoas me acham mais alta do que sou, devo ao ballet.

Outra coisa maravilhosa é a rapidez de raciocínio que a dança desenvolve desde cedo. Precisamos decorar sequências, contagem, tempos e contratempos dentro de uma música e precisamos também bolar saídas para quando as coisas dão errado, em um segundo, de forma a não nos atrapalharmos mais e não atrapalharmos o grupo. E, garanto, quando minha mãe nos colocou para aprender dança, ela não fazia idéia do muito que estava dando a mim e a minha irmã.

A dança me deixou de herança essa facilidade para fazer qualquer atividade que envolva ritmo e corpo. Quando o tempo ficou raro e precisei ir pra academia apenas pra malhar, sempre fiz bem aulas de aeróbica, step, jump. Quando fiz dança de salão sempre aprendi com facilidade os passos de todos os ritmos - difícil mesmo pra quem fez ballet é ser conduzida pelo parceiro e não tomar a frente.

Na dança fiz muitos amigos, vivi momentos inesquecíveis. Pela dança fui uma adolescente mais calma, focada em ensaios e não apenas em meninos, beijos e namoro. Ganhei disciplina, respeito aos meus horários apertados, aprendi a dividir meu tempo de forma que conseguisse fazer todas as minhas atividades sem deixar nada faltando. Com a dança aprendi a gostar de mim com todos aqueles defeitos que via no grande espelho da sala da academia, porque dançando me sentia linda, sedutora, gigante e livre.

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