sexta-feira, 8 de março de 2013

Parabéns, mulheres!!!

Hoje cedo, quando entrei no facebook, me deparei com a estória que minha eterna professora Claudia Mendes postou. Na hora, ainda encantada com o que li, me remeti ao passado, quando ainda tinha minha avó materna nessa vida, fisicamente perto de mim. A estória da mãe da Claudia me fez lembrar a estória da minha mãe. 

Minha avó era analfabeta, mas sempre incetivou minha mãe a estudar, a ser livre, independente, a não depender do dinheiro de homem algum. Uma mulher que não sabia ler nem escrever, mas que era de uma doçura ímpar, de uma sabedoria que só quem vive a vida de coração aberto pode adquirir. Minha avó estava a frente de seu tempo, porque naquela época as mulheres somente poderiam ter uma profissão: professora. E minha mãe não queria ser professora, não tinha a menor vocação pra tal. Minha avó entendia isso com toda a sua humildade, conseguia enxergar longe, conseguia ter a sensibilidade que vi em poucas pessoas. 

Minha mãe, filha de uma lavadeira e de pai machão, ignorante e bronco, um caminhoneiro, sempre teve tudo o que minha avó em suas limitações pôde lhe proporcionar e começou a trabalhar aos 16 anos, nunca largando os estudos. Passou no concurso do Banco Central e lá teve a estabilidade financeira que minha avó tanto sonhou pra ela. Minha avó não queria nada pra si. Só queria para os filhos. Os ditados populares, sempre ditos por ela na hora e local certo, sempre repetidos por minha mãe, hoje são usados por mim. Cada vez que falo algo que aprendi com ela, sinto minha avó viva dentro de mim. Uma mulher lutadora, de fibra, que conseguiu criar 4 filhos, fazendo deles pessoas dignas e honestas. 

Portanto, quando li a estória que lerão abaixo, de outra mulher linda com uma visão de vida que é tão rara hoje, quando tudo o que é valorizado parece ser o volátil e o fútil, me emociono. A essas mulheres que sempre deram valor a educação, que sempre entenderam a educação como a saída para uma vida melhor, meus sinceros parabéns. Essas mulheres são as dignas de honras. À elas dedico esse post. À minha professora Claudia Mendes, meu agradecimento por ter compartilhado essa estória, mais uma entre as tantas que tive o privilégio de conhecer enquanto convivia com ela na pós. 

Com você, professora, aprendi muito!


" Minha mãe. Mulher de fibra que não teve oportunidade de ir à escola, mas nunca deixou de me incentivar. Levantava cedo e caminhava kilometros pelo meio do mato escuro para me levar ao ponto de ônibus. Muitas vezes ela caia correndo de um touro bravo que parecia viver nos esperando para ter algo diferente para fazer. Era a parte que eu mais gostava: correr do touro. E ela excomungava o coitado do animal. Muitas vezes ela se molhava e perdia a saia no meio do caminho. Outra parte que eu mais gostava, claro. No caminho, ela sempre me contava histórias que eu até hoje me pergunto se eram verdadeiras. Ela me dizia que o que ela fazia era para mim e não para ela. Dizia que queria uma vida melhor para mim e que estudar era a saída. Dizia que eu era mulher, mas que ela queria que eu fosse para bem longe para ela poder sempre ir me visitar e conhecer lugares diferentes. Não queria que eu vivesse para cuidar de marido e filhos. E eu voei. Voei para bem longe. Um dia resolvi levá-la para conhecer o lugar que ela sempre sonhou: Lisboa. Ela aprendeu tanta coisa. Aprendeu sobre a arquitetura da cidade (na foto) , a língua, a cultura e etc. Um dia, em Lisboa, ela sentada em um restaurante falou: “Quando eu ia imaginar que conheceria esta cidade? Uma pessoa quase analfabeta que nasceu em uma zona rural. Eu nunca imaginei que voaria num avião tão grandão com pessoas fazendo biquinho (em referências às aeromoças da Air France)”. Eu falei: “Educação, mãe. Você me deu educação e foi só disto que eu precisei para voar”. Ela me olhou e falou: “Então posso pedir mais um sorvete?” E ela provou todos os “sabores existentes” em Lisboa e se depender de mim, ainda provará muitos outros.


FELIZ DIA DAS MULHERES A TODOS QUE ACREDITAM NA NOSSA FORÇA! NÓS TAMBÉM MUDAMOS O MUNDO!"

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