quinta-feira, 9 de maio de 2013

O Tamanho do Pé




Sou uma pessoa bem organizada. Gosto de planejar tudo, tenho todas as tarefas do dia relacionadas na minha agenda e só me dou por satisfeita quando cumpro tudo ao que tinha me proposto para o dia. E isso vale também pras coisas do meu filho. 

Suas gavetas são arrumadas de forma que a camiseta que combina com o short fiquem juntas, então se o Namorado precisar vestir o Miguel, a camiseta A que combina com o short B já estarão unidos e ele não precisará pensar muito. Roupa de frio separada de roupa de verão, cuecas e meias em outra gaveta, roupas de sair separadas. Enfim, talvez eu pareça louca mas é assim que funciono. 

Então, como eu viajo de uma a duas vezes por ano, desde antes de o Miguel nascer faço uma listinha das coisas que preciso comprar fora, de modo que ele tenha sempre calça, bermuda, camisetas, polos, uma ou outra camisa de botão e sapatos conforme ele vai crescendo. Não é uma questão de comprar marcas. A questão é que eu gasto menos dinheiro fazendo isso e, consequentemente, compro marcas famosas, sim, porque não? Gasto menos dinheiro assim que se fosse comprar as roupas do meu filho em lojas de departamento populares brasileiras como Renner ou CeA. Lá fora é muito mais barato e, como me organizo com relação a tudo o que o Miguel vai precisar, acabo comprando roupas e calçados pra ele apenas quando viajo. 

Então, hoje fui até a Lupo pra comprar uma bermuda de malhar pro namorado e vi as meias que Miguel gosta de usar. No olhômetro, peguei as que vão do tamanho 26 até 30 e fui pagar. A vendedora me perguntou se eu havia pego as meias do tamanho certo e eu disse que achava que sim. Como eu disse que "achava", ela fez a pergunta que eu não esperava que ela fizesse:

- Que número seu filho calça?

Coitadinha, elá só queria me ajudar mas me complicou. Acho que fiquei alguns segundos que pareceram uma vida pra vendedora olhando pra ela com o dedo na boca e cara de idiota sem saber o que responder. Eu tentava lembrar da correlação dos calçados americanos para os brasileiros e cadê que eu me lembrava, assim de sopetão? E nesses segundos em que a vendedora me olhava com cara de "não acredito que essa mulher não sabe o número que o filho calça...", pela minha cabeça girando a 1000 quilômetros por hora passavam algumas opções de resposta:

Opção 1: Responder a pergunta o mais rapidamente possível com o único número que me veio a cabeça, ou seja, o tamanho americano: "Meu filho calça 10". Simples assim, pondo fim a qualquer possibilidade de conversa, fim de papo. E parecer louca. Como assim o filho de 4 anos calça 10?

Opção 2: Responder a pergunta de forma natural e firme: "Meu filho calça 10 e eu não estou conseguindo me lembrar qual é o número correspondente no Brasil porque só compro sapatos pra ele fora do país". E parecer uma metida arrogante. 

Opção 3: Responder a pergunta dizendo que não me lembrava do número do pé do Miguel. E parecer uma mãe relapsa, demente. 

Bom, analisei, dentro desses segundos em que encarei a vendedora com cara de boba com direito a dedo na boca e tudo, minhas opções. Descartei a opção número dois de imediato, não queria parecer arrogante. Sobrou a opção de fazer a louca ou fazer a demente. E, então, optei por fazer a linha mãe relapsa mesmo, escolhendo a opção 3, e respondi de uma forma tão babaca que até eu mesma me surpreendi com o que acabei dizendo:

- Pois é, não sei... Porque os pés crescem tanto nessa idade, né? Toda hora muda o número do calçado... 

A vendedora fez uma cara de "Meu Deus... Que é isso..." e só faltou revirar os olhos pra mim. Acho até que sentiu pena do Miguel. Peguei minha sacola e saí da loja correndo antes que ela me fizesse mais alguma pergunta difícil. 

De volta ao trabalho, fui procurar a porcaria da tabela de conversão na internet e vi que meu filho calça, atualmente, 27 no Brasil. Vou tentar não esquecer mais pra ter o número usado no Brasil sempre na ponta da língua. Assim, não terei que ficar com vergonha de mim.

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