quinta-feira, 24 de julho de 2014

O dia em que envelheci





Sim, tenho consciência plena que não sou mais uma mocinha. Ótimo que esteja bem pra minha idade, tanto física quanto mentalmente, mas o tempo é implacável e ele chega pra todos, mais cedo ou tarde. Entretanto, algumas coisas fazem você cair na real de que o tempo passou MESMO e isso é um pouco chocante. Ou muito chocante. Sei lá. Ainda não sei. 

Essa semana estava eu saindo às 8 da manhã da academia, logicamente desgrenhada e suada. Acho que estou dizendo que estava desgrenhada em uma tentativa inútil de justificar o acontecido. Bom, voltando ao fatídico assunto, sempre saio na correria pra me arrumar e ir pro trabalho. Como tenho que atravessar uma rua pra chegar no local onde deixo o carro estacionado, tem dias que alguns carros buzinam, tem homem que fala uma besteira, enfim, aquelas coisas de sempre que a mulher brasileira já está acostumada. Homem é homem em qualquer nacionalidade, mas latinos, em especial, são mais chegados a mostrar que acharam uma mulher bonita/interessante/gostosa falando alguma coisa que nem sempre é bacana. Ok. 

Acho que estava em um dia bom até. Não sou das pessoas que nasceram pra usar roupa de malhar. Ao contrário, acho que esse tipo de roupa não me favorece. Não sou dessas mulheres que ficam ainda mais bonitas quando estão com roupa de ginástica. Isso acontece pra quem tem corpo escultural. Por isso, estranhei que estava recebendo muita buzinada, muito elogio em um curto trajeto da academia pro carro. Pensei eu: "Gente... Esses homens estão bem atacadinhos hoje. Ou eu é que estou em um bom dia..." Só que quando estava me aproximando do meu carro, descendo a rua vinha uma pick-up com 2 caras dentro. Como eu subia a rua e eles desciam, deu pra ver que eram rapazes novinhos, deviam ter, no máximo, uns 20 anos. O motorista ficou me olhando e o carona abriu o vidro, colcocou a cabeça pra fora do carro e gritou. Ainda estou com aquelas palavras martelando minha mente. Foi um choque. Quase um susto, sabe? Preparados? Aí vem a bomba que me atingiu sem dó nem piedade:

- " Que isso, heim, coroa!"

Pára tudo, pleaseeeeeeeeeeeee!!!!!!!!!

Parte da minha cabeça dizia que eu não podia ter escutado direito, a outra parte dizia que eu ainda não estava surda - apesar de coroa - e que era isso mesmo o que eu havia escutado. Entrei no carro e fiquei lá dentro uns 5 minutos sem conseguir me mexer, só me refazendo daquela informação que me foi jogada nos peitos em forma de elogio esdrúxulo. A primeira parte da frase que me atingiu (Que isso, heim...) não tinha mais a menor importância, afinal de contas, veio acompanhada de uma palavra que é quase um xingamento, pior que um palavrão! Essa segunda parte... Ah, meu Deus. Essa sim, a palavrinha que me deu a certeza de que estou velha, ficou lá na minha cabeça, como se fosse um tic-tac de relógio de parede. Nesse momento, virei o retrovisor do carro pro meu rosto e fiquei me olhando, ainda incrédula de que esse dia em que envelheci tivesse chegado. Olhei bem a minha cara, olhei minhas rugas e me vi velha, pior, me senti velha. 

Hoje, passados 2 dias desse acontecimento infeliz, já estou refeita. Pro diabo aquela pick-up com dois garotos de 20 anos que acham que isso é elogio pra alguma mulher. Já me levantei da lona onde eles me jogaram! HAHHAHAAAAA 

Então hoje, sem mais nem menos, lá vem outro elogio de um desconhecido na rua:

- "Você é muito linda, parece uma modelo!"

A primeira parte da frase, aceitei. Acho um elogio sem baixaria quando dizem que somos lindas sem enfiar a cara no nosso pescoço ou no pé do ouvido. Já a segunda parte, me deu vontade de rir. Modelos são magras e altas. Qualidades que não se aplicam a mim. Mas, pelo menos, verdadeiro ou não, esse elogio não doeu. 


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