quarta-feira, 2 de julho de 2014

Teorias e blá blá blá ...




Uma das coisas mais maravilhosas de se ter um filho é a quantidade de coisas que aprendemos nessa convivência nem sempre tranquila que a maternidade traz. E acho que a maternidade nos ensina de forma cíclica, quer dizer, nos dá milhões de chances de entender a mesma coisa, porque toda vez que acho que já aprendi e ainda me pego enlouquecendo por esse ou aquele motivo, o tempo mostra, pela trocentésima vez, que toda preocupação é desnecessária. Cada filho é um filho e pronto. Temos que respeitar o tempo de cada um mesmo. E teorias, nessa hora, que me desculpem os psicólogos, pedagogos e especialistas em educação infantil, só servem pras mães se acharem uma bosta e nos deixar ainda mais culpadas. 

Antes de o Miguel nascer, procurei ler muito sobre como educação e disciplina poderiam me ajudar a criar meu filho. Ficava de olho em todas as dicas de como fazer o bebê dormir melhor, mamar bem, comer coisas saudáveis, dormir cedo, dormir em seu próprio quarto e por aí vai. Muito do que li consegui colocar em prática e confesso que acredito que tenha sido muito mais por aptidão natural do meu Miguel que por esforço meu. E penso isso porque em outros aspectos fracassei solenemente na hora de colocar a teoria em prática.

Quando Miguel nasceu fiz tudo direitinho para que ele sempre dormisse em seu quarto. Sempre levantei para ir até o quarto dele e nunca o trouxe pro meu. Assim, ele ficou sozinho no quarto até 1 ano e meio. Então, veio um verão escaldante e pra economizar energia e poupar um dinheirinho, fui para o quarto do meu filho. Resultado: quando o verão foi embora, não consegui mais voltar pro meu quarto. Miguel queria que ficássemos com ele. Depois de um ano dormindo em colchonetes, eu e Hugo nos demos carta de alforria e voltamos pro nosso quarto. Sabe o que aconteceu? Miguel foi atrás. Na nossa cama ele nunca dormiu, mas passamos a colocá-lo no colchonete ao lado da cama. 

Todo mundo falando que ele já deveria estar no quarto dele e tal, o que era a  mais pura verdade. E a gente sabia disso. Era mesmo o cúmulo do absurdo eu e Hugo ficarmos sem privacidade porque Miguel estava alí no quarto a noite toda e parte das manhãs. Já tínhamos pensado em várias maneiras de fazê-lo ir para o seu quarto e nada. E, de repente, para nossa surpresa, depois de 2 anos e meio dormindo em um colchonete no chão, meu gostosinho declarou que não dormiria mais com a gente. E, assim, sem mais nem menos, está dormindo em seu quarto. Agora me pergunto: pra que tanta preocupação besta? Pra que gastar tanta energia pensando em meios de obedecer aos livros que nos ensinam a ser pais exemplares, se a hora chega pra todos? Desculpe, mas tenho vontade de jogar livros sobre educação infantil no lixo porque muitas vezes eles fazem com que eu me sinta um lixo de mãe. 

E o coco do meu filho? Miguel fez coco na cueca até 4 anos de idade! Um belo dia o menino resolve sentar no vaso e pronto. Acabou-se a novela! E eu que já tinha gasto toda minha cota de idéias pra fazê-lo ir ao banheiro na hora do coco, percebi que não adianta ficar forçando a barra e falando pro seu filho de 5 em 5 minutos que já está grandinho, que não deveria fazer coco na cueca, nem ficar achando que está fazendo um mal enorme a ele "permitindo" que o hábito se perpetue, se sentindo péssima mãe. Um dia o cara vai fazer coco no lugar certo!

Foi assim também com a questão do acompanhar meu filho até a porta da sala de aula. Eu deveria ter deixado de fazer isso, as professoras diziam que já era tempo de ele ir sozinho mas Miguel pedia que eu o acompanhasse. E eu acompanhei todas as vezes que ele quis. Não me arrependo. Deixo Miguel agora na porta da escola, nem entro mais. Ele vai seguro e feliz. E vejo crianças sendo acompanhadas ainda por seus pais. E ok. Cada um sabe de si. Respeitei o tempo do meu filho e isso me deixa muito tranquila. Miguel é assim: faz as coisas quando tem segurança, não é das crianças mais atiradas e corajosas e, em certo aspecto, acho isso muito bom. Foi assim até pra andar. Miguel só andou com 1 ano, 1 mês e 15 dias. Sim, a louca aqui sabe exatamente quando. É óbvio imaginar que as comparações com outras crianças que já andavam "desde os 9 meses" já estavam me deixando insana, né? Mas Miguel quando andou, andou firme, seguro. Não caia, não tropeçava. Miguel andou e andou mesmo. Sem apoio, sem se segurarar em nada. Firme, pé ante pé. 

Fico olhando pro Miguel e observando tantas coisas surpreendentemente deliciosas nele. Vejo o carinho e cuidado que tem com sua avó quando estamos andando e minha mãe acaba ficando pra trás por andar com dificuldade por conta dos joelhos. Quando isso acontece, Miguel pára e vai pro lado da avó e lhe dá a mão, ficando ao lado dela, andando juntos, lhe fazendo companhia. Quando estou preocupada com alguma coisa, Miguel pergunta logo: "porque você está com essa carinha de triste? Não gosto de ver você com essa cara, mamãe lindinha!" Quando a Leda (cadela da minha irmã) entra lá em casa e eu grito pra Leda sair da sala, Miguel logo fala: "Não fala assim com a Ledinha!". Quando vamos a uma festa de adulto e tem pista de dança, ele é que me chama pra dançar!!! Quando estávamos saindo da escola outra dia e ele viu um amiguinho chorando, Miguel parou na mesma hora pra perguntar porque o menino chorava e ainda disse a ele: "Calma, não chora. Não vou sair daqui enquanto você não achar sua mamãe, está bem?" Enfim, meu filho é um menino muito observador, muito protetor, alguém que está sempre preocupado com o bem estar de todos. Até quando a professora substituta na escola despediu-se da turma já que a professora oficial estava voltando da licença maternidade, ele preocupou-se e quis saber se a professora ficaria sem turma. Enfim, Miguel é maduro pra tantas coisas, quem se importa se fez coco na cueca até 4 anos de idade e dormiu no quarto dos pais até os 5? Preciso aprender a dar o tempo que Miguel precisa pra se desenvolver. Espero, de verdade, conseguir. 

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