domingo, 13 de julho de 2014

Vocês querem namorar?



Vida sexual de pais é uma coisa complicada. Os filhos tiram o que é muito importante, pra mim, no sexo: a espontaneidade. Transar com hora marcada é meio chato, mas depois de um tempo a gente acaba se acostumando porque quando se tem vontade nem sempre é possível. Muitas vezes é possível quando a vontade não é tanta ou quando existem outras coisas a serem resolvidas. E raro, raríssimo, é quando acontece de ter vontade e poder ao mesmo tempo. 

Só que como essa situação é por tempo indeterminado, acho que a maior parte dos casais acaba se acostumando com isso e vai transando quando dá mesmo. Vai encontrando sua fórmula pra não passar tanta privação. O tempo é curto e as transas acabam virando coisas meio apressadas, com medo do filho acordar ou, no meu caso, bater na porta. 

De um ano pra cá, eu e Hugo adotamos a postura de conversar com o Miguel a respeito. E falamos com ele abertamente usando o termo "namorar". Falamos com ele que vamos namorar e que gostaríamos que ele ficasse no quarto dele brincando, vendo um filme ou com seu ipad. Falamos também que precisamos "namorar" sozinhos de vez em quando e pedimos que ele não bata na porta, que espere pra falar com a gente depois, porque não vamos ficar longe dele por muito tempo. Miguel respeita, sem problemas. Ele entendeu que pai e mãe que se gostam precisam "namorar". Ele entende que pessoas que se amam, "namoram". Ele não sabe exatamente o que queremos dizer com "namorar", mas sabe que precisamos de privacidade pra fazer isso. 

E hoje, agora pela manhã, aconteceu algo muito engraçado. Estávamos todos acordados e Miguel pegou seu ipad e seu suco e virou-se pra mim, com uma cara muito séria :

- "Mãe, você e papai não querem namorar, não? Porque se quiserem, estou aqui com meu ipad e suco e vou pro meu quarto, tá? (tipo: tenho tudo o que preciso pra ser feliz nesse momento!) Podem namorar um pouco! Tchau!"

E foi pro quarto, cheio de atitude. 

Bem, infelizmente, não pude "namorar" naquele momento porque tinha que ir ao mercado. Mas agradeci, rindo muito por dentro, e disse que ele é mesmo um filho muito, muito legal.

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