segunda-feira, 22 de março de 2010

Mãe coruja


Sempre quis enxergar meu filho como ele é. Esse é um dos meus maiores desejos. Talvez por trabalhar na área de educação é que eu seja tão neurótica com isso. É por ver tantos pais, passando a mão na cabeça de seus filhos, lambendo suas crias como se não errassem nunca, é que tenho medo. Peço a Deus que não permita que eu seja assim, que eu tenha a dádiva de olhar meu filho e compreender suas virtudes e suas limitações, que eu saiba que filhos mentem de vez em quando e que eu possa repreendê-lo por isso e não apenas dizer que meu filho não mente. Nossa, escuto tanto isso... Pais e pais que pensam que seus filhos são uns santos e que, na verdade, não os conhecem. Quero conhecer meu filho - e isso inclui saber que não é perfeito - para poder ajudá-lo.

Mas é tão engraçado quando me pego sendo mega coruja!!! Por vezes, estou conversando e contando, como se fosse a maior descoberta da humanidade, que meu filho já está dando tchau e que está soltando as duas mãos das paredes tentando se equilibrar sozinho. Enquanto estou falando que o Miguel, quando estamos em qualquer lugar público, trata logo de olhar pras pessoas em volta e sorrir, penso como estou ficando uma mãe hiper ultra super coruja!!! Sou mesmo. Ponto. Mas aí a paranóia vem e fico pensando que tenho que me policiar, que não posso achar tudo o que ele faz bonitinho porque mais tarde vai ficar difícil controlá-lo. Gente, é muita loucura nessa minha cabeça... Eu luto comigo mesma...rs...

Eu sei, vai chegar a hora de eu me confrontar com as dificuldades e armadilhas do meu filho, mas, por hora, quero só ser mãe coruja... E que Deus me ajude!! O termo "mãe coruja" vem da fábula "A águia e a Coruja", uma estorinha fofa que mostra o quanto as mães tem a tendência para enxergar seus filhos perfeitos... Eu não sou diferente, mas vou pedir a Deus pra me manter de olhos bem abertos como os da coruja, mas com a capacidade de visão e discernimento da águia!!

A Águia e a Coruja

A coruja encontrou a águia, e disse-lhe:
– O águia, se vires uns passarinhos muito lindos num ninho, com uns biquinhos muito bem feitos, olha lá não os comas, que são os meus filhos.
A águia prometeu-lhe que os não comia. Foi voando e encontrou numa árvore um ninho de coruja, e comeu as corujinhas.
Quando a coruja chegou e viu que lhe tinham comigo os filhos, foi ter com a águia, muito aflita:
– O águia, tu foste falsa, porque prometeste que não me comias os meus filhinhos, e mataste todos!
Diz a águia:
– Eu encontrei umas corujas pequenas num ninho, todas depenadas, sem bico, e com os olhos tapados, e comi-as! Como tu me disseste que os teus filhos eram muito lindos e tinham os biquinhos bem feitos entendi que não eram esses.
– Pois eram esses mesmos, disse a coruja.
– Pois então queixa-te de ti, que me enganaste com a tua cegueira.

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