sábado, 2 de junho de 2012

Miguel da mamãe



Miguel ultimamente anda mais tagarela que nunca. O menino fala tanto que tenho vontade de mandá-lo fechar a boca, de vez em quando. Tenho vontade, mas, na maior parte das vezes, não faço. Mesmo que eu esteja tentando pagar uma conta no computador, resolver alguma coisa ao telefone ou arrumar um armário prefiro ouvir a voz desse doidinho falando sem parar e repetindo mil vezes a mesma coisa que pedir que ele se cale. A não ser que eu esteja conversando com alguém e ele não esteja respeitando o fato de que cada um tem a sua vez de falar. 

A verdade é que ainda me surpreendo ao vê-lo, assim, tão "conversado". Não tem muito tempo era só um bebê gorducho que me dava um trabalho enorme e agora está aí, pedindo coisas, mostrando suas preferências e contando suas histórias. Ele me pergunta se vou trabalhar, me conta o que aconteceu na escola, canta as musiquinhas que aprende por lá e, é claro, a velocidade de seu pensamento é muito maior que a capacidade de desenvolver todos os sons e fonemas necessários pra falar todas as palavras que precisa pra me contar as coisas. 

É aí que a gente morre de rir. Toda criança passa por essa fase de trocar as palavras, de não conseguir articular todas as palavras corretamente, mas o engraçado é o jeito que elas falam. Miguel fala tudo muito senhor de si, crente que está abafando, falando tudo certo. Faz um carão de quem está acertando e manda ver mesmo. A coca-cola virou "cacacola", assim como o guaraná, virou "maramá". Ele adora comer biscoito salgado ou pão com Nutella. Só que "pão com nutela" virou "pão com aquela". A primeira vez que ele falou isso fiquei quase doida tentando descobrir o que ele queria. Perguntava pra ele "aquela o quê, meu filho?" Até eu entender que "aquela" queria dizer "nutela" foi um parto. Suco de "goiaba" é suco de "gaiaba". 

Qualquer peixe, de qualquer espécie ou cor, é chamada de Nemo. Então, não estranhamos mais quando Miguel encontra um aquário e nos diz que está cheio de "nemos". De tanto ouvir o namorado chamar os tubarões de "baturas", ele diz, toda vez que vai levar algum de seus milhões de tubarões pra escola: "Mamãe, vou levar o "batura" pra fazer medo na Cristiane!" Pobre professora... Miguel é louco por vida marinha, adora peixes, baleias e tem verdadeira fascinação pelos tubarões! A últimapalavra trocada, tadinho do meu filho, foi quando tentou, abusadamente, falar "helicóptero". Ele disse que estava levando o "pitocopitu" pra escola e eu e o padrinho dele que estávamos perto nessa hora, rimos muito. Mas o Miguel nem se importa, repete a palavra, do jeito dele, e, muito cheio de si, quase me convence que a errada sou eu... 

Quando o Hugo me deu de presente o Iphone, assim que entramos no carro, Miguel me pediu o telefone pra olhar. Entreguei o antigo pra ele ficar mexendo e ele virou-se pra mim e falou: "Esse não é bom, quero o outro." Meu Deus, ele queria meu Iphone novo. Disse que iria deixar ele pegar, mais só um pouquinho e com todo cuidado. Miguel pegou o telefone e repetiu: "Com tooooodooooo cuidado, mamãe." E ainda disse: "Esse aqui é muito mais melhor!!!" Orgulho do papai, esse menino. Com aquele dedinho curtinho, o garoto ligou o celular, encontrou o que queria, normalmente ele quer o ícone dos "angry birds" e, pra minha surpresa, jogou e comemorou quando explodia os danadinhos. 

Eu não permito que ele brinque com meu Ipad porque tudo do trabalho está alí e tenho medo de ele sumir com alguma coisa. Enfim, de vez em quando, ele pega o aparelho e eu fico de olho. Outro dia ele me perguntou: "Não posso brincar com seu Ipad, né, mãe? É do trabalho, né?" E eu respondi: "É do trabalho, sim, não é brincadeira." Aí, Miguel me sai com essa: "Mamãe, eu também quero trabalhar! E quero um Ipad!" Quer dizer, na cabeça de um menino de três anos, se pra ter um Ipad é preciso trabalhar, ele também quer ir pro trabalho... 

Sempre pergunto pro Miguel se ele é o bebê da mamãe e ele diz que sim. Sempre pergunto também:  "Quem é o bebê gostoso da mamãe?" E ele, normalmente, respondia todo feliz: "Eu!" Essa semana, fui perguntar de novo e tive uma surpresa... "Filho, você é o bebê gostoso da mamãe?" Miguel respondeu: "Eu não sou bebê, eu sou Miguel! Sou o Miguel da mamãe!" Tá bom, tá bom.... Já entendi. Não é mais bebê. Ainda me dou por satisfeita porque continua sendo meu... Ainda é o "Miguel da mamãe". Vamos ver até quando!


2 comentários:

  1. Mas olha só o relógio dele, é um mocinho mesmo! Bem,deve ser uma fase realmente muito boa mesmo. Já eu estou na fase do trabalhão, com introdução de novos alimentos, dentinhos, etc, etc...a gente tem que ser muito forte! Compartilhar a tua história me deixa otimista, mais calma, como por exemplo quando vi aquele vídeo e me identifiquei já, e muito...isso que aqueles dois são pais por vocação eu acho, e muito corajosos, tendo tido 3 filhotes... quando estive em NY agora fiquei impressionada com o "descolamento" daquelas mães que eu via nas ruas de lá. Nooooooossa, elas andavam com bebês na rua, bem novinhos, meia-noite, 1h da manhã, às vezes eles estavam dormindo, às vezes não...Ou eram bebês muito diferentes do meu ou elas é que eram muito diferentes de mim!Acredito mais na segunda opção!Eu fico nervosa se não estou em casa após às 20h para fazer meu filho dormir. E confesso que ando pensando em não não sair mais de casa com ele...sei que eu não deveria pensar assim, mas qual é a graça de sair de casa e não comer direito, não conseguir conversar, correr o tempo todo, ficar toda suja de papinha e vômito, o bebê ficar agitado, chegar em casa e não conseguir nem ir no banheiro? Sei lá, eu queria levar mais na boa mas não consigo. Decidi fazer passeios mais rápidos com meu Heitorzinho, será melhor prá nós 2. E minha sincera admiração às mães que vi em NY!

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  2. Pois é, Ana, também optei por fazer passeios mais curtos com o Miguel, por enquanto. Fico admirando essas mães que carregam o bebê pra todo lado, mas não sinto inveja. Gosto da minha opção de continuar a ter uma vida só minha e do meu marido, nem que seja raro. Não consigo achar legal sair e ficar me preocupando o tempo todo com tudo e ter que comer comida fria. Cada um tem sua receita de felicidade. Eu respeito quem é diferente de mim e só sigo pedindo que respeitem minha opção de vida. Como foi sua viagem? Espero que tenha aproveitado ao máximo!!! Beijos!!

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