sexta-feira, 5 de abril de 2013

Mãos dadas

Hoje depois de deixar o Miguel na escola, quase na porta estava uma mãe olhando a filha subir a rampa pra ir pra sua sala de aula sozinha. A menina, já maiorzinha, carregava sua mochila e a mãe ficava olhando e incentivando a filha: "Vai, filha, vai sozinha!" "Isso, já está uma mocinha!" Sem pensar, falei pra ela: "Que bom, né? Não precisa mais ir até a sala... Meu dia vai chegar!"
 
Continuei meu caminho até o carro logo depois de fechar o portão da escola e comecei a pensar que, sim, o dia em que vou largar o Miguel na porta da escola sem a necessidade de fazer o caminho com ele até a sala vai chegar. E aí me deu um aperto no coração. Porque sei que esse dia vai chegar, é o caminho natural das coisas, sinal que meu filho está crescendo e se desenvolvendo, ficando cada vez mais independente. Só que esse trajeto de casa até a escola, em que vamos só nós dois e que termina na porta de sua sala de aula, deixando o Miguel entregue aos cuidados da professora, é quase um ritual, um momento só nosso.
 
Invariavelmente, no carro, conversamos sobre como está o dia. Peço que ele olhe pro céu e me diga se está azul, se é um dia de sol ou se está nublado. Às vezes está chovendo e escuro, mas sempre falo pra ele, sempre, que é um bom dia pra ser feliz. Muitas vezes, nem preciso falar nada, ele entra no carro e já vai falando as cores das flores que vê pelo meio do caminho e ele mesmo me diz que é um bom dia pra ser feliz. Adoro. Acho que é meu dever de mãe educar o meu filho no caminho da felicidade. Ser feliz em dia de chuva, em tempo nublado, com ou sem flores. O olhar pra felicidade começa com as coisas pequenas.
 
Na hora de sair do carro, Miguel sempre tenta me "enganar" pulando pro banco da frente quando abro a porta de trás. Ele ri, mostrando aquela carinha sorridente e safada, quando finjo que fui enganada. Pego a mochila dele e ele estende a mãozinha pra mim. Quando ele sai caminhando na minha frente porque estou me organizando com as coisas pra carregar, ele sente falta da minha mão segurando a sua e pára pra me esperar e me pede: "Dá a mão, mãe?" E então vamos nós caminhando pela rampa da escola de mãos dadas, passamos pelo parquinho, atravessamos a quadra até chegar na porta da sala dele. Ele entra na sala e se distrai com os amigos. Mas eu o chamo, TODOS OS DIAS, e ele vem correndo já sabendo que é hora de me beijar e escutar que o amo muito.
 
Sei que logo chegará o dia em que não vou nem precisar saltar do carro para levá-lo. Ele vai abrir a porta, carregar sua mochila e entrar na escola. Mas nunca vou me esquecer desses dias em que levo meu filho de mãos dadas, mesmo com tanta correria, mesmo com pouco tempo. Esses minutinhos são nossos, são só meus e dele, mãe e filho e nada mais. Nada entre a minha mão e a dele. Nada que aqueça mais minha alma. E, por isso, sem perceber, já estou com saudade desse mundinho pequeno que fica guardado nesses minutinhos entre casa e porta da sala de aula. Esse mundinho feito só de amor e de felicidade que dura quinze minutos. Quinze minutos com gosto de eternidade pro meu coração.












Nenhum comentário:

Postar um comentário