sábado, 24 de maio de 2014

Palmada

Nosso governo tem tanta coisa com a qual se preocupar e insiste em gastar precioso tempo pra mudar o que deveria estar em último lugar em uma lista de prioridades. Sempre deixo claro, aqui no blog e entre as pessoas que me conhecem, que não bato no meu filho. E não falo isso como quem levanta uma bandeira ou se sente mais ou melhor mãe por agir assim. A verdade é que sempre fui muito ruim em bater nos outros mesmo. Desde criança. Nunca entrei em briga física, nunca bati em ninguém. E tenho uma irmã que não me deixaria mentir. Mesmo sendo a irmã mais velha, eu é que apanhava dela. Minha Sis, sim, sempre foi boa de briga e batia mesmo em quem quer que fosse, menina ou menino, menor e maior que ela. Aliás, como sempre foi baixinha, ela batia, na grande maioria das vezes, em pessoas maiores que ela.

Então, não bato mas não condeno quem, de vez em quando, dá uma palmada no filho. Eu apanhei (pouco, é verdade, porque não era de fazer muita besteira), mas minha irmã apanhou muito. Por "muito" não se deve entender que ela foi espancada. O que acontecia é que todos os dias minha irmã arranjava um jeito de apanhar, quer dizer, ela sempre conseguia tirar minha mãe do sério. No fundo, a tolerância das duas tem o mesmo comprimento. E estamos aqui, eu e minha amada irmã, vivinhas da Silva, pessoas de bem, educadas e com respeito ao próximo. Aprendemos limites, aprendemos a respeitar o espaço alheio. Por tudo isso é que achei o texto de um ex-aluno aqui do CCAA, hoje advogado e amigo, Luis Carlos Vils Rolo, muito propício. E estou dividindo com vocês:


"Antes de falar sobre a "maravilhosa" Lei da Palmada, ou melhor, "Lei menino Bernardo", gostaria de fazer uma pequena enquete:


- Quem de vocês apanhou quando criança ao fazer alguma besteira e hoje está revoltado, traumatizado ou teve a vida destruída?

Primeiro, é preciso ter noção do que significa a família para a sociedade. O ser humano, ao nascer, não sabe falar, não sabe ler, não conhece valores éticos e morais, não possui limites, não tem roupa, não tem patrimônio, não tem cultura, nada.

A vida em sociedade exige regras. Em meu curso de Direito, aprendi que o Direito nasce quando existe o outro. Para quem vive sozinho em uma ilha deserta, o Direito não faz o menor sentido. Só existe Direito, porque entre você e o próximo é necessário haver limites, sob pena de termos a barbárie.

Então, é preciso que alguém transmita para este ser humano que nasceu estas regras para a vida em sociedade. Linguagem ,cultura, valores, enfim, todo o arcabouço normativo que permita a alguém conviver com o seu próximo de forma digna. Também é importante que este ser humano seja alimentado, tenha o que vestir e tenha onde morar. Se este ser humano que nasceu não consegue nada disso sozinho, alguém deve fazer por ele e, a esta altura do campeonato, todos vocês já concluíram mentalmente que quem deve ser responsável por isto é a família.

De fato, a própria existência da família pressupõe a existência de uma prole. Um casal que mora juntos, sem filhos, são apenas duas pessoas sobrevivendo juntas, mas, cada qual conseguindo manter seu próprio grau de individualidade. É a partir da prole que nascem obrigações recíprocas e a coalizão necessária para transformar indivíduos que coabitam em uma família.

Daí porque se diz que a família é a célula mais importante da sociedade. É no seio da família que os seres humanos que nascerem vão receber a formação ético-moral-linguística que os prepararão para a vida social.

Todavia, para transmitir valores a este ser humano que não possui nenhum, é preciso, muitas vezes, impor autoridade, demonstrar hierarquia e ensinar respeito. O ideal é que isto seja feito com palavras e afeto, mas em boa parte das vezes, é preciso utilizar o mecanismo do castigo para que este ser vivo se sinta desestimulado a praticar determinada conduta antissocial e se sinta efetivamente punido pelo erro praticado. Todo aquele que cria um filho sabe muito bem que o "não" muitas vezes não é suficiente. Quando a sua mãe dá um tapa quando você insiste em enfiar o dedo na tomada, é porque ela não quer que você tome uma descarga elétrica, que é muito pior. Os pais batem por amor.

O espancamento é crime hoje, com as leis que temos hoje. Educar é uma coisa. Torturar e maltratar é outra e não precisamos de nenhuma nova lei para ensinar isto às pessoas. Por outro lado, inexiste qualquer sensação social de "Impunidade" para quem espanca os filhos. Quem é denunciado está preso e foi destituído do Poder Familiar. Qualquer abuso deve ser punido, mas os pais não podem ser impedidos de cumprir a sua função social de educar seus filhos.

Mas não é o que pensa o nosso governo.

Contrariando a vontade da imensa maioria, nossos legisladores querem decidir como criar nossos filhos. Querem transformar a escola, que já falha em ensinar as ciências básicas, se transformem em centros de doutrinação, escolhendo que valores que as crianças devem receber. Ao impedir os pais de impor limites aos filhos, a nova lei da palmada criará uma geração de crianças mimadas, egoístas e incapazes de viver em sociedade.

O pior é que é este mesmo governo que hoje quer impedir os pais de educarem seus filhos, é o que apoia grupos abortistas. Ou seja, pela lógica, os pais não devem bater em seus filhos. Devem matá-los ainda dentro do útero (?!?!?!?).

A esquizofrenia dos legisladores brasileiros é tamanha que decidiram mudar até o nome da lei, que era "Lei da Palmada", para "Lei Menino Bernardo", como se comparasse a palmada educativa com o assassinato de Bernardo por uma injeção letal! - Os pais educam seus filhos com injeções letais???

Digo e repito: a família é a célula mais importante da sociedade. O governo, ao invés de destruí-la, deveria estimulá-la. Se fizesse isso, teríamos menos crimes, menos egoísmo, menos maldades e mais amor."

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