quarta-feira, 9 de junho de 2010

Uma tarde no ginecologista

Vou à mesma ginecologista há anos e em todos esses anos - desde que eu tinha 15 - é sempre a mesma coisa: longa espera para ser atendida. Longa mesmo, tipo 3, 4 horas. Ontem, minha consulta estava marcada para 13h e fui atendida às 17:30. Se me perguntarem por que continuo com a mesma médica respondo sem pestanejar que é porque, além de excelente profissional, a Dr. Carla é uma pessoa ímpar que lhe atende como se não existisse relógio e nem muitas outras pacientes esperando lá fora.

Já esperta, nunca chego ao consultório sem meu livro. É ele que ameniza as horas quase intermináveis de espera. Ontem, foi particularmente engraçado porque estava cercada de MUITAS mulheres grávidas. E vejo que esse estado que é, de fato, maravilhoso, também é envolto em tantos mitos de felicidade extrema que chega a ser engraçado quando estamos vivendo a realidade.

Quando estamos grávidas nos sentimos poderosas, melhores que o resto dos mortais. É uma sensação tão diferente que eu não saberia descrever. Todos fazem nossas vontades, no trabalho ninguém lhe deixa pegar um pesinho a toa, se você caminha na rua com alguma amiga, a doida está sempre lhe segurando ao menor sinal de um buraquinho na calçada ou desnível qualquer. Vai subir ou descer escada? Alguém vem logo segurando seu braço pra evitar qualquer acidente. Comidinhas gostosas? Chegam aos montes vindas de todos os lugares. E sempre acham que você está comendo pouco. Por isso, a gente se sente mesmo especial durante esses nove meses. E de mais a mais, estamos fazendo uma vida crescer dentro da gente e isso é mesmo um milagre.

Tudo bem. É assim mesmo, mas daí a mulherada começa a surtar e só lembra dos comerciais de margarina em que o bebê aparece no carrinho lindo ao lado da mesa enquanto os papais tomam seu café da manhã e leem seu jornal. Ou bebês de novela que nunca choram. Ai, meu Deus. Ouvi de tudo ontem. Uma falava que não deixaria de sair com o marido, até mesmo à noite e que levaria sempre o bebê com ela!! E eu pensando que quando ela se der conta de que pra sair pra jantar ou ir a uma festinha vai precisar levar a casa quase toda na bolsa, ela vai repensar essa estória de levar o bebê pra tudo que é lado. Além disso, quando a gente tira nossas delícias da rotina deles, nós é que pagamos com noites agitadas, quebra de horário de sono e irritação. Ter um bebê exige uma rotina, não dá pra levar a mesma vida de antes.

Uma outra dizia que NUNCA deixaria o bebê com as avós, com medo que elas dominassem o bebê totalmente e que viajar, então, sem a criança, nem pensar!!! Ui. Será que ela imagina que durante muito tempo até ir ao supermercado sozinha vai virar um programão?? Bebê não é igual a boneca. A gente não fica com ele a hora que a gente quer. Não é igual a brinquedo que vem com botão liga-desliga. A gente fica com o bebê ligado em todas as horas, porque ele precisa da gente o tempo todo. Portanto, ter avós que queiram cuidar um pouco dos netos, dar uma trégua pro casal sair um pouco, respirar um ar de cinema e restaurante, sair dos programinhas infantis, é mais que uma benção, é como um colete salvavidas. Ainda bem que tenho minha sogra. Santa sogra que se oferece pra ficar com o Miguel quase todos os domingos!! Esse cineminha das tardes de domingo são muito esperados!!

Uma outra tinha ganho 15 pacotes de fralda e estava achando muito. Aff! Tive que me meter. Mulher, o bebê vai gastar, no mínimo, um pacote de fraldas por semana!! Pode ir estocando mais porque o uso de fraldas é frenético. O gasto também.

A última disse que sabia que queria ter mais uns dois bebês além daquele que estava em sua barriga. Estava adorando estar grávida. Ok. É bacana mesmo, mas quando aquele bebezinho sai da barriga... A vida vira de cabeça pra baixo! Admiro as corajosas que depois de terem um, até dois bebês, querem começar tudo de novo. Mas acho mais prudente passar pelos primeiros meses de vida de um bebê antes de afirmar que terá um família numerosa.

O que une todas aquelas mamães do consultório é o amor inigualável que sentem por seus bebês, por essa cria que chega e arrasta tudo o que está envolta pra ter espaço e faz isso sem o menor pudor. Pensamentos diferentes, mas amor igual. É muito amor mesmo. E, no final das contas, não é que compensa?

2 comentários:

  1. Paula,
    Parece ate uma materia que eu li em que a autora tinha deixado de ser "Preganant Princess" depois de dar a luz e estava vivendo umka vida digna de Gata Borralheira!
    Bjs

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  2. Adorei o texto! com phellipe q agora tem 18 anos foi exatamente como vc descreveu... muito complicado, talvez por isso só tenha resolvido engravidar 14 anos depois, mas com marcella que tem 5 as coisas funcionaram bem mais tranquilas... eu já não deixava ela dormir com silêncio total, tinha sempre uma televisão ou um rádio ligado... e assim foi se acostumando com barulho e nos acompanhando em quase todos os programas sem que sofresse por isso... dormia quando sentia sono e acordava pronta pra curtir conosco mais um pouquinho, hj ela adora uma bagunça! rsrs e minha vida ficou bem mais feliz por poder incluí-la em minhas saídas! mesmo tendo minha mãe que se pudesse ficava com ela por todo o final de semana...mas essas coisas só nos damos conta com o tempo e com os acontecimentos...
    hj sei que fiz a escolha certa! Adorei Paula, bjs

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