terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sociedade

Muitas vezes me pergunto porque tenho sempre que me justificar perante a sociedade por causa das minhas opções. Seria tão mais fácil se eu achasse o que todo mundo, normalmente, considera como certo...

Antes de decidir ser mãe, cansei de escutar essa balela de que a mulher só é feliz totalmente quando é mãe. Lá ia eu tentando explicar pras pessoas que não achava isso e que um casal pode ser perfeitamente feliz sem filhos. Me diziam que eu era egoísta por não querer abrir mão da minha vida calma, do meu direito de decidir minha vida sem ter que pensar muito em terceiros. Engraçado é que essas pessoas que usam esse argumento geralmente falam que quem não tem filhos não terá companhia no futuro e nem quem cuide deles na velhice. E eu é que sou egoísta... Onde já se viu pensar em ter filhos com medo de solidão?

Agora que tenho o Miguel, continuo tendo que me justificar por achar que tenho que continuar levando uma vida a dois com meu marido. Muita gente não entende. Muitas pessoas acham que depois que a gente tem filho, todos os momentos do seu dia tem que ser dedicados a ele. Eu, simplesmente, não consigo pensar assim. Meu filho está em meus pensamentos o tempo todo, é minha prioridade sim, mas não acho que andar colada com ele o tempo todo pra cima e pra baixo me faz uma mãe melhor. Sou participativa, preocupada, envolvida totalmente em seu dia-a-dia, mas como não me sinto mais completa depois que fui mãe até porque acho que sou completa, sempre fui, independente da maternidade, continuo planejando jantares só com o namorado e um cineminha abraçadinho porque ninguém é de ferro.

Ultimamente, ainda tenho que justificar o porque de não querer mais de um filho. E, quando perguntada, já ouço a máxima "quem tem um não tem nenhum". Quer dizer que a pessoa que tem dois filhos e perde um deles fica bem porque tem outro? Pra mim a dor é a mesma. Talvez o que as pessoas queiram dizer com isso é que mãe que perde um filho e tem outro encontra um motivo a mais pra seguir em frente. E aí a gente esbarra mais uma vez na situação complexa da mãe que coloca nos filhos todo o sentido da sua existência.

De tudo que a sociedade me obriga a pensar e repensar, a melhor coisa foi ter optado por ser mãe. Não porque seja mais feliz hoje, volto a repetir, mas porque é uma experiência incrível de crescimento pessoal e espiritual. É um aprendizado diário, é um acontecimento que pôe a prova suas emoções diariamente. É uma oportunidade e tanto para questionar sua vida, seus valores. E sou muito grata a Deus por ter permitido que eu pudesse ser mãe. Estou fazendo o meu melhor.

4 comentários:

  1. Paula,
    Outro dia mesmo estava conversando sobre o tema com uma amiga. Eu dizia que via o ato de trazer um filho ao mundo como um ato egoísta. Nós queremos provar que podemos fazer melhor do que um monte de gente por aí e criar os nossos filhos para serem membros ativos da sociedade... Ela, que está adotando duas crianças da Etiópia, também me dizia que a adoção é para egoístas. "Se eu quisesse realmente fazer a diferença na vida de um monte de crianças, doaria a grana que estou gastando neste processo para um bom orfanato ou traria para casa crianças mais velhas ou adolescentes de Washington que ninguém quer. Mas não, quero ter os meus, para criar, amar e mimar... Adotar não é um ato de desprendimento apesar do que dizer por aí," ela concluiu. Fiquei pensando e vi que no fundo ela tinha razão: tanto eu quanto ela, cada uma a seu modo, somos egoístas...mas bem intencionadas!
    Bjs

    ResponderExcluir
  2. Tem razão, Dani. Aliás, quem não é egoísta, nem que seja um pouco?

    ResponderExcluir
  3. Muito ou pouco egoístas deixo com você, Paula essa mensagem assinada por um espírito de inquestionável envergadura moral:

    "Muitas vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas;
    perdoe-as assim mesmo. Se você é gentil, as pessoas podem acusá-la
    de egoísta e interesseira; seja gentil assim mesmo. Se você é uma
    vencedora, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros;
    vença assim mesmo. Se você é honesta e franca, as pessoas podem
    enganá-la; seja honesta e franca assim mesmo. O que você levou anos
    para construir, alguém pode destruir de uma hora pra outra; construa
    assim mesmo. Se você tem paz e é feliz, as pessoas podem sentir
    inveja; seja feliz assim mesmo. O bem que você faz hoje pode ser
    esquecido amanhã; faça o bem assim mesmo. Dê ao mundo o melhor
    de você, mas isso pode nunca ser o bastante; dê o melhor de você
    assim mesmo. Veja você que, no final das contas isto é entre você e
    Deus, nunca foi entre você e as outras pessoas"
    -Madre Teresa de Calcutá-

    ResponderExcluir