quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Madonna



Gosto muito da Madonna, acho uma artista maravilhosa e quem viveu a adolescência nos anos 80 acompanhou todas as mudanças do seu repertório e como ela está sempre se atualizando com as tendências tornando-se, assim, uma artista que não ficou datada. Ela não é conhecida apenas pela galera que está beirando os 40, qualquer adolescente de hoje conhece a Madonna. Eu não tenho uma fase predileta, gosto de todas elas, consigo achar coisas muito legais em todas as fases, em todos os álbuns, mas é lógico que o início da carreira dela marcou uma época muito legal na vida das pessoas, uma época que deixa sempre muitas recordações: a adolescência.


Na minha adolescência era costume fazer aquelas festinhas tipo "hi fi", pra qual as meninas levavam um prato de salgado e os meninos ficavam com o refrigerante. Normalmente, o refrigerante não chegava ao final da festa e a comida era uma lástima... Era um tal de cortar as fatias de pão de forma em quatro pedaços e fazer sanduiche de pão com pão e saco de Skinny que não acabava mais. Poucos levavam um salgado descente. Mas, como tudo não passava de uma grande desculpa pros meninos e meninas se reunirem pra dançar e dar uns beijinhos, estava valendo qualquer coisa mesmo.


Em uma dessas festas, me lembro como se fosse hoje, uma das meninas já conhecida pelo seu jeito, digamos assim, "diferente" de se vestir, resolveu chegar na festinha homenageando a Madonna, de quem era fã. Sua entrada foi triunfal! Ela entrando na festa e a galera virando o pescoço e comentando sobre a indumentária da criatura. Ela estava, sem sombra de dúvida, se achando a coisa mais linda do planeta. Eis que a garota chega "toda trabalhada" na renda e na transparência - como diria minha querida amiga Katia, cheia de colares e brinco de cruz em uma orelha só, por baixo da saia de tule aquele legging rendado, as luvinhas brancas de renda e o cabelo parecendo um ninho de passarinho preso na lateral da cabeça, um rabo de cavalo detonado, desfiado, na lateral... Gente, um choque para todos que lá estavam, mas é claro que eu também não tinha noção de que aquilo seria um pecado fashion em qualquer época. Acho que a própria Madonna , mesmo tendo lançado moda, deve se arrepender desse tipo de vestimenta. Como nos anos 80 tudo de ruim quando se fala de moda era permitido, a menina era fã e estava mostrando isso. E , com certeza, conseguindo o que queria porque não havia uma só pessoa na festa que não estivesse olhando pra ela de queixo caído. Se o olhar era de admiração ou choque, não sei. Eu era uma das que estavam em choque porque, com 14 anos, nunca teria coragem de sair de casa daquele jeito, só se fosse para uma festa à fantasia.


Mas você está pensando que a danadinha da garota estava satisfeita por "apenas" ter parado a festa enquanto subia os degraus que levariam ao play? De jeito nenhum! A melhor parte ainda estava por vir. Eu estava perto da pista de dança, conversando com um garoto com o qual estava louca pra ficar, conversa vai, conversa vem, a coisa estava ficando interessante pro meu lado, eu cheia de graça pro lado do menino, passa a mão no cabelo pra cá e pra lá - coisa que mulher faz toda hora quando está interessada no cara - quando ouço os primeiros acordes de "La Isla Bonita" ao fundo, o menino se aproximando de mim e eu pensando: "É agora, vai me beijar!" O rosto dele ficando mais próximo e, de repente, a gente já quase fechando os olhos pras bocas se encontrarem quando começamos a escutar uns gritos, uma correria pra perto de onde estávamos. Pronto. O beijo ficou suspenso. Eu pensava: "Que meleca! O que pode estar acontecendo justamente nessa hora, meu Deus?" A resposta veio logo depois. Olhamos um pra cara do outro e sem precisar falar nada, fomos lá, lado a lado, ver o que todo mundo da festa estava vendo. A garota não estava contente por ter vindo vestida de Madonna, ela encorporou a própria ao ouvir as primeiras notas da música e estava lá, imitando os passos da coreografia, como se fosse espanhola. Ai, gente... Que cena bizarra! Mas a menina estava totalmente se sentindo a mais poderosa das garotas, afinal, todos da festa, TODOS mesmo, formaram uma rodinha em volta dela pra observar a apresentação. Misericórdia, sabe quando você fica com vergonha pelos outros e sua cara fica até vermelha? Deve ter acontecido isso comigo, eu não conseguia fechar a boca tamanho meu espanto, não só com o fato de ela estar dançando "La Isla Bonita" mas, principalmente, porque por causa do showzinho que ela resolveu dar, eu fiquei sem beijar o menino!!!


A performance da garota foi comentário na escola inteira durante toda a semana seguinte e o pior é que eu nunca mais vi o tal do garoto. Acontece que o que ficou mesmo gravado na minha memória não foi a cara do menino, nem a vontade de beijá-lo, pra falar a verdade, nem lembro o nome dele, o que marcou foi o show da 'Madonna fake'. Isso eu não vou esquecer nunca mais...






2 comentários:

  1. Hahahahahaha, isso se chama "vergonha alheia"!!! Deus me defenda... Pensar naquelas ombreiras do tamanho de um bonde, nas gravatinhas de crochê, no estilinho "college", nos tules que enfeitavam os cabelos, no "new wave glitter gel", afffff!!! A única coisa dessa época q tenho amor até hoje é do all star!!! E, claro, de nossas boas bandinhas de rock... Saudades, minha vaquinha!

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  2. É de doer o que a gente usava... E as polainas? E as cores cítricas? Te amo também, vaca malhada!!!

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