terça-feira, 30 de agosto de 2011

Questões do Coração



Semana passada eu acabei de ler "Questões do Coração". Gostei bastante, é desses livros que a gente entra na estória desde o primeiro capítulo e não consegue parar de ler. E fiquei refletindo sobre muitas coisas depois de acabar a leitura.

A estória é sobre traição. Na maior parte dos livros, filmes, novelas e tal, quando uma mulher/homem trai a esposa/marido ou a esposa/marido não presta, ou a/o amante não vale nada. E assim fica fácil digerir, entender e até perdoar uma traição. Só que nesse livro a coisa é diferente. Ele nos mostra que nem sempre as coisas são assim e que muitas vezes a traição acontece por tantos outros fatores e não podemos ficar estigmatizando um ou outro lado da estória como mau caráter. O que ficou martelando na minha cabeça   quando virei a última página é que gente boa, com caráter, boa índole, também erra, faz besteira. E aí é que a porca torce o rabo... Quando a gente fica de cara com o fato de que somos tão plural, com tantas nuances que nem mesmo nós conhecemos todas as nossas facetas, fica um gosto meio aterrorizante na boca. Pelo menos na minha ficou.

No livro, acompanhamos a estória da esposa e da amante em paralelo e nos afeiçoamos às duas pessoas e até ao marido traídor. A autora consegue essa proeza: nos mostra as pessoas bacanas, com suas fragilidades, com suas falhas e a gente não sabe pra quem torcer, não sabe que fim quer que o livro tenha. A gente só gosta dos personagens e entende cada um dos motivos, enxerga, de fora, o que cada um está fazendo de errado e ainda consegue se enxergar na mesma situação, sem saber o que fazer.

Gente boa também erra. Gente bacana se arrepende e quer voltar atrás. Gente honesta derrapa e pede perdão. Difícil é a gente perdoar, porque um erro modifica a dinâmica do relacionamento entre duas pessoas, seja namoro, amizade, casamento. Principalmente quando se trata de traição, envolve preceitos de fidelidade, de confiança. E isso muda tudo. Tudo o que a gente acredita que tem, tudo no qual a gente aposta nossas fichas, de repente, parece pequeno, inútil, perda de tempo. Estranho. Acho que só quem passa ou já passou por uma situação dessas é que pode tentar explicar.

Sei que muitas vezes o erro serve pra mostrar o que a gente deve modificar, serve pra transformarmos nosso modo de encarar a vida, nosso dia-a-dia. O erro pode mostrar um outro caminho, pior, melhor? Não sei, mas pode ser um outro caminho que pode dar em algum lugar bonito, um lugar onde a gente pode se tornar pessoas melhores. Chato é que a gente precise errar ainda. Chato que a gente precise amadurecer tanto. Errar pode causar muita dor, nos outros, na gente mesmo. E muitas vezes precisamos desse processo doloroso pra crescer. Pena que, muita vezes, só o erro possa trazer o amadurecimento.

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